Esta nova série do Homem-Aranha divide muitas opiniões, mas sempre tende mais para o lado positivo. Pelo menos com relação à bilheteria, a segunda versão com Andrew Garfield no papel principal agradou muito mais ao público do que a antiga com Tobey Maguire. A justificativa esteja, talvez, finalmente sendo explicada neste segundo capítulo.
O que mais define este filme é a construção do personagem principal, levando ele a ser o que o primeiro protagonista já chegou sendo. Peter Parker curte sua situação como super-herói ao mesmo tempo em que lida com a contradição de colocar sua amada, Gwen Staci, em perigo, mesmo que tenha prometido ao pai da moça que se afastaria dela. O tom cômico de Garfield continua trazendo leveza ao super-herói, mesmo em momentos em que ele tem que lidar com grandes vilões.
Certo que provavelmente este tom cômico seja exacerbado no início do longa, mas ele caminha para a mudança definitiva no final (calma, sem spoilers). Esta mudança, inclusive, é que deve levar a uma realidade mais parecida com aquela que o Homem-Aranha se propõe nos HQs. A expectativa é esta.
Neste segundo episódio, o Homem-Aranha lida com o surgimento de dois vilões: Electro e a transformação de seu amigo de infância, Harry Osborn. A construção de dois antagonistas pesa um pouco na narrativa em si, já que traz mais de um ápice ao filme. No entanto, se o espectador entender que esta película funciona mais como uma transição, o enredo prossegue mais suave.
Emma Stone, apesar de linda e boa atriz, continua deixando o espectador com saudade da Mary Jane de Kirsten Dunst. Sua aceitação completa da relação com Peter Parker e sua ausência quando assume o papel de Homem-Aranha irrita. Mesmo quando ela questiona suas atitudes, acaba retornando e permitindo que ele continue agindo daquela forma. O desfecho traz um alívio para esta questão e uma esperança de um futuro melhor para série.
Os efeitos visuais são realmente muito bons. É perceptível que houve um altíssimo investimento neste quesito e completamente justificável, já que o filme necessita disso. A trilha sonora também foi levada em conta e muito bem escolhida, trazendo um tom de grandiosidade à obra.
A sensação é que o filme caminha com calma. E isso é bom, por um lado, já que a proposta é justamente de construção de um personagem, assim como tem feito todos os últimos filmes da série 007, com Daniel Craig. Mas também é ruim, porque não empolga nem emociona tanto quanto poderia. É como se o diretor Marc Webb pisasse em ovos e tivesse muito medo de arriscar, já que a série anterior arriscou tanto que resultou em um desastre de bilheteria no terceiro episódio. Mas não arriscando, ele fica apenas no previsível.
A superioridade deste filme sobre o primeiro, no entanto, é notável. É como se ele justificasse tudo que aconteceu anteriormente e prometesse uma mudança brusca no terceiro episódio. O que acredito sinceramente que empolgou bastante os fãs mais assíduos dos quadrinhos. O que se espera, no entanto, é que ele saia deste lugar de conforto e arrisque, tendo a chance de agradar muito mais.