O longa O Castelo de Vidro traz à tona as questões de aceitação familiar, diferença de personalidades e embates que todos temos com nossa família, ao longo de nossas vidas. De uma forma mais extrema, o roteiro coloca no radar a importância do equilíbrio familiar e como o amor pode ser distorcido em diferentes óticas.
Brie Larson é Jeanette Walls, uma jovem que relembra a história de sua infância e adolescência a medida que vai enfrentando novos desafios na fase adulta. Ela foi criada em uma família alternativa que não fixava raízes em lugar nenhum. Devido à dificuldade do pai em manter um emprego, a família estava sempre viajando e se mudando, sempre em busca de uma nova oportunidade, que certamente seria frustrada.
Muitas questões são colocadas à prova durante o crescimento da narrativa. Em momento nenhum o amor dos pais pelos filhos é questionado diretamente. No entanto, sua ações depõe contra o que fica implícito. Uma das primeiras cenas do filme é a protagonista se queimando no fogão porque a mãe não quis parar de pintar um quadro para preparar a comida dos filhos. A menina devia ter uns 4 anos. Este é apenas o primeiro ponto de uma sucessão de eventos da mesma natureza que acontecem na história.
É uma dualidade questionável que deixa o espectador intrigado. Ao mesmo tempo em que vemos uma união familiar única, assistimos pais negligentes que deixam os filhos passando fome e priorizando suas próprias necessidades. Enquanto isso, o instável pai alimenta o sonho da construção de um Castelo de Vidro, quando eles finalmente conseguirem plantar um lar fixo. Naturalmente, isso nunca acontece.
Todo o roteiro vai criando uma antipatia nata com os pais e é difícil ter o mínimo de empatia. Ao final, não há uma reviravolta em que a protagonista aceita tudo que aconteceu. Ela segue revoltada e decepcionada com a família. Mas ela percebe que pode amar eles, apesar dos erros que cometeram. Aliás, que amar é perceber esses erros e ainda estar lá, presente. É uma mensagem muito bonita que o roteiro passa.
Brie está muito bem no papel de Jeanette, enquanto Woody Harrelson dá um show no papel do pai. A dinâmica de ambos é bem interessante e a química da família como um todo funciona bem. A escolha do elenco favoreceu e muito a trama, que teve maior veracidade a medida que suas emoções eram vividas de forma visceral.
O longa tem falhas ao tentar manter o ritmo e cai na monotonia com certa facilidade. Algumas reações e conclusões são óbvias, o que não instiga o espectador a saber o que está acontecendo. Mas as boas atuações sustentam a trama, felizmente. No final, é um filme que funciona bem e traz reflexões importantes.
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