Crítica: Não Olhe

Quem nunca viu um filme sobre uma garota excluída no colégio que acaba se revoltando e machucando/matando todo mundo? Sim, Carrie, A Estranha é o primeiro exemplo que nos surge à mente, mas poderíamos nomear muitos outros. Não Olhe conta a história de Maria, uma jovem apática com sinais de depressão que sofre o pior tipo de bullying na escola e em casa, por parte de seu pai. Ele é cirurgião plástico e coloca defeito em tudo que a menina faz, inclusive na sua aparência física. Depois que Maria descobre uma “amiga” através do espelho, ela começa a mudar seu comportamento e se vingar de todo mundo.

O thriller tem uma proposto inicial até interessante, embora a execução seja péssima logo de cara. A ideia seria como a garota reprimida transforma sua personalidade e começa a se vingar de todos ao seu redor, especialmente dos homens que sempre colocaram medo nela. Esse contraponto vingativo e perverso seriam os desejos mais absurdos da garota, que não tinha coragem de realizá-los. O problema é a pobreza na execução dos atos, nos diálogos superficiais e nos enquadramentos repetitivos.

As condições do ambiente onde Maria está inserida cooperam com o ar de abandono emocional que a garota tem. Uma casa imensa e suntuosa, mas sem uma condição de “lar acolhedor”. Uma impessoalidade do próprio ambiente onde ela está inserida, em uma cidade fria e coberta de neve, como um reflexo de suas emoções. Tudo isso coopera positivamente com a trama, que se desenvolve com o pai que exige o perfeccionismo e a mãe fraca que aceita tudo que lhe é imposto.

Não Olhe

Não Olhe transpira erotismo em todos os momentos, sendo bem desnecessário na maioria das vezes. A garota faz caras e bocas de sexo constantemente, enquanto seus “problemas” na escola são, em sua maioria, de ordem sexual. Até com seu pai rolam momentos em que o espectador fica na dúvida se vai acontecer algum ato de pedofilia ou não. Por sorte, o roteiro não toma esse caminho.

No entanto, toma diversos outros caminhos duvidosos. A ideia da menina através do espelho seria interessante como uma proposta da garota ter enlouquecido ou daquilo ser fruto de sua mente depressiva e carente de atenção. Esta seria uma vertente interessante. Ou até mesmo o espírito maligno da irmã gêmea morta no pós-parto pelo pai que não aceitava nada distorcido da perfeição. O problema é que o roteiro não assume nenhuma dessas escolhas e a dúvida fica pairando no ar. Ao final, até a condição emocional da mãe é colocada na equação, tornando tudo muito impreciso e mal feito.

Não Olhe é um filme que não desperta grandes coisas no espectador e funciona muito mais como um conto erótico adolescente do que como um bom thriller de suspense. Bons atores como Mira Sorvino e Jason Isaacs são completamente desperdiçados em um roteiro ruim e raso. A protagonista é mais do mesmo nesta safra de atrizes adolescentes que não são tão expressivas. Eu recomendaria passar longe!

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