Morbius

Crítica: Morbius

2

Não se pode dizer que algo nos surpreendeu, quando os indícios estavam por toda parte. Para um filme que mesmo no trailer já revelava que seria uma grande salada de frutas sem sentido, de fato, não posso dizer que Morbius foi uma decepção, já que ele entregou justamente o que prometeu. Mas é que fica a sensação de que não tinha necessidade de ser tão ruim assim, sabe?!

A Sony, em associação com a Marvel, surge mais uma vez para trazer novos elementos e personagens a uma trama que já anda bem complicada e exaurida. Michael Morbius (Jared Leto, Casa Gucci) é um jovem que sofre de uma doença sanguínea que o impossibilita de levar uma vida normal, vivendo em clínicas de recuperação. Ele cresce, então, com o foco de ser um grande médico e cientista, que vai descobrir a cura de sua doença e de seu grande amigo, Milo (Matt Smith, Noite Passada em Soho). Após um Nobel pela criação de um sangue artificial, ele acaba engrenando num projeto duvidoso que mistura DNA de humanos e morcegos, o que poderia levar à sua cura. O tiro sai pela culatra e ele acaba se tornando uma espécie de monstro vampiro.

O lançamento em tela deste novo vilão que vai contracenar com o Homem-Aranha deveria ser um grande momento, ainda mais contando com um ator que possui Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Ledo engano. Este é mais um projeto incompreensível de Jared Leto, que a cada dia que passa se torna mais um Nicolas Cage, que é ótimo artista mas toma decisões bem questionáveis na carreira. Gosto dos dois, mas tem coisas que realmente não tem como defender.

Existe um excesso absurdo de soluções fáceis que meio que duvidam da capacidade intelectual do espectador em compreender mais camadas do que são expostas. Clichês baratos e porcos que nos deixam incrédulos para um filme com tamanho orçamento e o espaço que ocupa por ser da Marvel. O roteiro ainda faz relações desnecessárias com outras tramas, como quando chama Milo de “alteza”, nos fazendo lembrar do papel que Matt Smith interpretou de Príncipe Phillipe na série The Crown ou como quando Martine corta o dedo e o sangue faz Morbius ficar agitado, tal qual Bella Swan em A Saga Crepúsculo – Lua Nova.

Morbius

Essa soluções, unidas ao fato de que o roteiro em si perde o contexto (não que ele comece brilhantemente, mas tinha algum potencial ali), fazem com que as 1h45 de duração se tornem muito mais longas para o espectador, que cansa da história. Recentemente assistimos Batman com suas 3h que nos deixaram entretidos a todo minuto. Morbius acaba se tornando uma afronta ao nosso tempo escasso e paciência finita.

A medida que a trama evolui, vemos outra decisão simplória de tentar colocar um pseudo vilão para ser antagonista de Morbius, ao invés de simplesmente mostrar o caminho dele até se tornar um assassino inveterado. Milo mudando o comportamento de repente, enquanto um romance aleatório surge em cena, somente para criar motivação para as decisões ruins que o protagonista toma. Diálogos pobres ainda preenchem todos esses momentos.

Mas será que nada salva? Podemos dizer que os efeitos visuais são de qualidade e melhores que Venom, por exemplo. Mas não chegam a ser excelentes ou de chamar a atenção, afinal, para um filme deste estilo, eles não fizeram mais que a obrigação.

Morbius é um filme que prometeu pouco e não entregou nada, fazendo o espectador se questionar até onde vale a necessidade da Marvel de ficar inserindo todos os personagens que funcionam bem nos quadrinhos em tramas de cinema. Curiosa mesmo eu fiquei para entender como será a junção desta história com Homem-Aranha e Venom, porque a gente sempre acha que não dá pra ficar pior. Mas sempre dá.

Direção: Daniel Espinosa

Elenco: Jared Leto , Matt Smith, Adria Arjona, Jared Harris, Al Madrigal, Tyrese Gibson

Assista ao trailer!