Minha Mãe é uma Peça 3

Crítica: Minha Mãe é uma Peça 3

Pela terceira vez, Paulo Gustavo chega aos cinemas através do papel de dona Hermínia. Essa personificação da mãe do comediante trouxe cenas hilárias para o público brasileiro desde o primeiro longa-metragem estrelado por ele e agora está de volta. É muito simples traçar os limites e objetivos da produção. Minha Mãe é uma Peça 3, assim como os filmes anteriores, é um palco para o show de comédia feito por dona Hermínia. A personagem de Paulo Gustavo tem uma força própria que faz render cenas, risos e novas produções. Não existe absolutamente nada de novo nessa narrativa, apenas uma mãe, com seu jeito excêntrico e exagerado, disposta a te fazer rir durante seus 111 minutos de filme. A partir desta quinta-feira (26), os cinemas brasileiros estarão exibindo o terceiro longa estrelado pela famosa Hermínia.

Agora sem seu programa na TV, dona Hermínia (Paulo Gustavo) precisa se ocupar de alguma forma. Com um novo neto e um casamento do filho à caminho, a dona de casa acha que sua vida vai ficar preenchida novamente. Quando ela percebe que seu hobbie número um – que é cuidar dos filhos – está impossibilitado, Hermínia precisa se reinventar como mulher e mãe. Em suas novas aventuras, ela vai precisar aprender com as mudanças que o tempo traz na vida dela como mãe e mulher.

Desta vez, o roteiro se propõe a trabalhar com muitas questões. A primeira é a dificuldade de adaptação da mãe ao ver seus filhos vivendo suas próprias vidas – temática que está presente nos três longas. O segundo ponto relevante da narrativa é o envelhecimento. Em inúmeros momentos, as piadas e os diálogos focam no passar do tempo e as mudanças que esse envelhecer traz. Por fim, a solidão é uma constante na trama do longa – a qual é intrínseca aos outros dois fatores. Em meio a essas discussões, o roteiro de Fil Braz (Vai que Cola: O Filme, de 2015), Susana Garcia (Minha Vida em Marte, de 2018) e Paulo Gustavo se estrutura de forma confusa, em um vem e vai desses diálogos. O filme se alonga demais e acaba sendo o mais raso da franquia ao trazer as questões familiares sobre essa mãe.

Também é interessante perceber que, apesar da apresentação de “novos problemas” que levam dona Hermínia à crise, a história parece se repetir. Caso alguém se disponha a assistir a trilogia de uma só vez, ficará evidente a semelhança nas tramas. A franquia Minha Mãe é uma Peça se mostra despreocupada com o conteúdo e a estrutura de seus filmes. Os dois fatores que se mostram relevantes para a produção são a efetividade cômica da personagem principal e a rentabilidade da bilheteria. Como ambos se mostram promissores, talvez o público brasileiro ainda se depare com muitas histórias de dona Hermínia.

Minha Mãe é uma Peça 3

Outro ponto importante, é a dinâmica do elenco. Minha Mãe é uma Peça 3, apesar de não ser mais uma esquete com um só ator, ainda funciona como uma história de uma só personagem. As clássicas cenas nas quais dona Hermínia reclama da vida e dos filhos sozinha ou com um figurante na rua demonstram a força da personagem. Mesmo com toda essa força e presença da personagem de Paulo Gustavo, a dinâmica cômica do longa necessita de mais figuras para gerar risos – em especial na terceira vez que o espectador se depara com essa persona. Dessa forma, Rodrigo Pandolfo, Mariana Xavier, Alessandra Richter e Malu Valle se mostram mais uma vez como esses elementos capazes de levantar a narrativa.

Minha Mãe é uma Peça 3 provavelmente vai encher as salas de cinemas pelo Brasil. E também deve acabar sendo um sucesso de bilheteria. O conteúdo repetitiva, a obviedade das cenas e acontecimentos não parecem incomodar o público desde o filme anterior. Dona Hermínia se tornou um fenômeno tão poderoso que consegue prender a massa no primeiro segundo. Não há como negar que a personagem de Paulo Gustavo tem seus encantos. E mesmo com todos os furos do filme, o espectador ainda sairá do cinema gargalhando ao lembrar de alguma história que lembrou de sua mãe por causa da produção.

O poder existente nessa franquia está na proximidade com o público. A figura da “mãe” apela diretamente para as pessoas. É inevitável assistir ao filme e não querer abraçar sua mãe, ligar para ela e dizer um “te amo”. Talvez o maior mérito desse e dois outros dois filmes seja a sensibilidade ao contar essas histórias – mesmo que repetidas. A produção tem essa expressão do real – seja na própria dona Hermínia que é inspirada na mãe de Paulo Gustavo até, neste longa, a homenagem que o comediante faz ao seu marido e filhos. Assim, Minha Mãe é uma Peça 3 consegue ser agradável apesar de todos os erros e deficiências.

Direção: Susana Garcia
Elenco: Paulo Gustavo, Rodrigo Pandolfo, Mariana Xavier, Herson Capri, Alexandra Richter, Samantha Schmutz, Patricya Travassos

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