É engraçada a capacidade de cópia que o cinema brasileiro tem nos modelos de roteiro americanos. A princípio, Loucas Pra Casar prometia justamente isso: um clone do longa Mulheres ao Ataque, que vale lembrar, foi extremamente criticado pelo estilo machista de enredo e pela história superficial e sem fundamento. Não me pareceu, portanto, inteligente da parte brasileira se espelhar neste tipo de narrativa. A surpresa, no entanto, melhorou um pouco o resultado e fez valer razoavelmente a pena ir ao cinema.
Malu é uma mulher bem sucedida no trabalho e na vida amorosa. Ela namora ninguém menos que o dono da empresa onde trabalha como corretora de imóveis e ele é interpretado pelo gatíssimo Márcio Garcia. Tudo seria perfeito não fosse sua idade. Ela está com 40 anos e aguardando impacientemente o pedido de casamento do namorado de mais de três anos. Organizada ao extremo, ela acaba suspeitando um dia que dormiu na casa do amado que ele a esteja traindo, já que a quantidade de camisinhas é inferior ao que ela lembrava. Malu decide colocar um detetive na cola do bonitão e descobre que ele realmente está com outra.
O que se sucede é um desdobramento bem escrachado da mulher traída que resolve reconquistar o homem a qualquer custo. Machista, eu sei. “Mas você não disse que esse filme era diferente?”. Então, ele é. Você acha durante todo o longa que ele é machista e cópia brasileira do americano, que já não era grande coisa. E realmente até certo momento, ele é. No entanto, no terceiro ato do filme, ele muda completamente. E essa mudança, que eu não vou falar porque acredito que algumas pessoas queiram assistir ainda, faz toda a diferença. Ele deixa de ser machista para ser mais dramático, expondo questões da sociedade. A mulher que vai chegando aos 40 e fica desesperada para casar porque o mundo exige que ela faça isso e a biologia já diz que ela não está tão bem assim para ter filhos. Ela acaba pirando e esta piração é o resultado do filme.
Como bom filme brasileiro (e fique claro aqui que eu tenho muitas restrições com o cinema brasileiro, mas me esforço para ver a maioria dos longas para quebrar isso), ele tem um estilo de comédia “trapalhão”. Você ri bastante, mas não é aquela gargalhada gostosa. Tem muita piada besta, sem sentido e forçada. Mas o fato é que você consegue rir mesmo assim. Loucas Pra Casar tem dividido opiniões no Brasil inteiro. Os críticos renegam, mas o público em geral está aprovando. Então acredito que ele tenha algo interessante para refletir ou apenas uma risada boa para dar.