O final de uma saga épica, que levou milhares de pessoas, jovens e adultos, aos cinemas. Esse era o nível de expectativa de qualquer pessoa que fosse assistir a última parte de Jogos Vorazes, acredito. Talvez por isso também que algumas coisas tenham sido meio frustrantes. Mas vamos lá.
Katniss Everdeen está se recuperando de um ataque da Capital e, ao mesmo tempo, tentando compreender e aceitar o novo estado de Peeta, que sofreu uma lavagem cerebral do presidente Snow e agora solta palavras de ódio contra ela. Por outro lado, ela tem que lidar com a relação estranha com Gale e com a desconfiança com a presidente da resistência, Coin. Após se recuperar, Everdeen decide ir atrás de Snow, para mata-lo pessoalmente. Mas uma espécie de novo jogo foi implantado, dificultando o acesso à Capital.
É preciso deixar claro que este longa é muito superior ao anterior, que tinha longos momentos de monotonia. Eu sou fã de filme monótono, mas ainda assim o Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 me incomodou, porque não é esse o propósito do filme, da história. Faltou ação e ficou a sensação de que o final dividido em duas partes foi muito mais por uma manobra econômica do que por necessidade do volume de história. As distribuidoras adotaram esse costume depois que Harry Potter tomou essa decisão no sétimo livro, mas neste caso, era realmente necessário.
Muito melhor, é bem verdade, porém não maravilhoso como poderia ser. É a sensação que este filme deixa. Katniss conduz todo o filme praticamente sozinha e um pouco melancólica demais. Sim, a realidade do momento é de dor, mas a conduta da protagonista mudou. Ela quer vingança, acima de qualquer coisa, talvez acima da própria justiça. Mas o fato é que ela é uma excelente personagem interpretada por uma excelente atriz. Então, toda vírgula pronunciada é um show de atuação e isso já é o suficiente para qualquer fã.
A relação do trio principal é, talvez, o núcleo mais estranho. Não que o relacionamento deles tenha sido muito explorado nos filmes anteriores, mas nesse a conduta é diferente. Gale é ainda mais passivo e inerte ao lado de Katniss. Um digno “corno manso”, que está vendo o “amor de sua vida” correndo atrás de outro e nem ao menos luta por esse sentimento, ou expressa de maneira mais incisiva. Ele apenas aceita e pronto. Difícil acreditar nesse amor.
Já Peeta está meio vegetativo, com rompantes de ódio por Katniss e de lembranças do passado. Fica claro que ela é apaixonada por ele, mas a interação também não é bem trabalhada. O romance definitivamente é um segundo plano do enredo, embora o grande final seja protagonizado por ele. Um final clássico clichê, mas que muito me agradou, já que a história precisava de um desfecho a nível romântico.
O elenco que apoia o núcleo principal é realmente muito bom e se destaca. Julianne Moore rouba a cena quando surge como Alma Coin, enquanto Elizabeth Banks conquista nossos corações como Effie. Philip Seymour Hoffman, no entanto, falecido no ano passado, fez falta. Muita falta. Seu personagem perdeu certa importância na história e teve um final muito breve e adaptado à realidade de que ele morreu antes de terminar de gravar os filmes. Uma pena, porém não existia muito o que fazer quanto a isso.
O roteiro tem muita ação e deixa o espectador tenso. Definitivamente é implantado um novo tipo de Jogos Vorazes não declarado, em que diversas minas são colocadas a caminho da Capital, para dificultar o acesso dos rebeldes. Mesmo assim, Katniss e seu grupo seguem rumo ao objetivo de matar Snow e tomar o poder. As cenas são muito boas e trazem um pouco da adrenalina do primeiro filme que foi perdida nos seguintes.
A tomada da Capital porém é definitivamente decepcionante. Talvez o ponto mais fraco do filme. Depois de todo um alvoroço nos dois longas anteriores, criando a tensão nos espectador, a tomada do poder acontece de forma muito simplória, rápida e pouco empolgante. Poderia dizer que “absolutamente do nada”. Não posso responder pelo livro, uma vez que não li, mas quero crer que foi diferente na obra original, porque no filme foi realmente triste.
Ainda assim, esses pontos não impedem que a saga seja finalizada com louvor. O filme como um todo é muito bom, com excelente escolha de elenco e de equipe por trás das câmeras. Muito bem produzido e com direção contundente. No entanto, não sei afirmar se pela expectativa ou pela história original mesmo, mas faltou o fator “maravilha”, que faria com que os espectadores saíssem do cinema falando “que saga fantástica” e não apenas “ah, legal o final”.