Imaculada

Crítica: Imaculada

2.5

Ambientado em um convento na Itália, Imaculada é um terror que narra a história de uma americana que está prestes a se tornar freira. Quando jovem, Cecilia vivenciou um evento que a colocou em risco. Tendo saído com vida da situação, Cecilia passou a acreditar que sua conexão com Deus era forte e que tudo aquilo era um sinal de que estava predestinada a algo maior. A partir daqui, incluiremos alguns spoilers do filme porque acreditamos ser difícil abordar Imaculada sem expor alguns detalhes mais reveladores da sua trama.

Durante a convivência com as freiras, Cecilia, que como parte das jovens que decidem seguir uma vida religiosa é virgem, descobre esperar um filho. Logo, a gestação de Cecilia é tratada por freiras e padres daquele convento como um acontecimento e a jovem tem todo um tratamento especial, afinal, todos entendem que aquilo é um milagre e tem estreita conexão com a possibilidade de um retorno do messias. No final das contas, Cecilia acaba sendo objeto de um tratamento arriscado, um experimento soturno empreendido pelos religiosos do local.

Imaculada guarda semelhanças com A Primeira Profecia outro título do gênero lançado este ano, também ambientado em um convento, na Itália, cuja trama gira em torno da gravidez de uma jovem freira, que, no final das contas, esconde um plano macabro para fortalecer a fé na Igreja Católica. No entanto, o roteiro de A Primeira Profecia e a direção enérgica da diretora Arkasha Stevenson trazem naquele longa um resultado bem superior ao de Imaculada. No caso, as comparações são inevitáveis e dão uma dimensão das faltas de Imaculada, um filme que parece estar repercutindo mais em função da estrela que o protagoniza, a atriz Sydney Sweeney, em ascensão desde Euphoria, do que pelas qualidades do projeto em si. Sweeney é um dos jovens talentos do momento e é previsível que muito se fale sobre qualquer projeto com seu nome no elenco, como é o caso de Imaculada.

Imaculada

Imaculada está mais para um ensaio de um filme de terror, com ideias que parecem não ter recebido uma maior “lapidação” da parte dos seus envolvidos. A impressão que o filme causa no espectador é que a versão final do roteiro não recebeu uma revisão e o que é visto na tela é apenas um protótipo, a sugestão de um filme que não existe em sua completude. O desenvolvimento das personagens parece ficar no meio do caminho, assim como qualquer crítica do longa às políticas da Igreja Católica, resultando em um projeto que diz muito pouco para um espectador mais exigente do gênero e também para aqueles que buscam no filme uma sessão mais descompromissada, com muitas cenas de violência gore e alguma dose de ironia e humor típicas de títulos de baixo orçamento. Imaculada parece não agradar nenhum desses públicos.

O longa traz uma interpretação empenhada de Sydney Sweeney. A atriz entrega muito ao projeto, sobretudo no terceiro ato, mas isso não é o suficiente. Com “peças soltas” e anseios de abordagem temáticas nunca efetivamente exploradas, Imaculada gera indagações sobre as verdadeiras pretensões do projeto: o que o filme de Michael Mohan queria ser? Apenas uma história de terror ambientada em um convento? Nesse caso específico isso não é suficiente porque é “atravessado” por pautas que convocam o filme a discussões. Ao mesmo tempo, nessa seara do debate sobre os dogmas da igreja e suas implicações, o longa também é falho, superficial. O que ele é afinal? A que ele veio? Isso é um grande problema não solucionado pelo próprio Imaculada.

Direção: Michael Mohan

Elenco: Sydney Sweeney, Álvaro Morte, Simona Tabasco

Assista ao trailer!