Estreia nesta quinta-feira, 21 de outubro, o longa Duna, mais uma produção futurista do diretor Denis Villeneuve, que já foi responsável por A Chegada e Blade Runner 2049. Neste filme, ele explora o futuro longínquo criado pelo escritor Frank Herbert na sua série de livros homônima. Os vários planetas do Universo são comandados por um imperador e o item mais valioso é a especiaria “melange”, poderosa em dar a vida ou condenar à morte aqueles que as utilizam, além de conferir poderes sobrehumanos.
O Duque Leto Atreides, vivido brilhantemente por Oscar Isaac (Star Wars: A Ascensão Skywalker), é designado pelo Imperador a assumir o controle do planeta desértico Arrakis, também conhecido como Duna, onde a “melange” é ainda mais farta. Ele segue com sua família, incluindo o seu filho e sucessor Paul (Timothée Chalamet, Adoráveis Mulheres) e sua concubina Lady Jessica (Rebecca Fergunson, Doutor Sono). Ao chegar no local, eles descobrem que foram traídos pelo comando e precisam se unir ao povo nativo, os complicados Fremen, para conseguir combater a amarga traição.
A obra passeia sem pressa por suas mais de 2h30 de duração, explanando todos as características daquela sociedade complexa e distinta da nossa. O diretor não se furta de detalhar as ordenações de poderes, os avanços tecnológicos, as dinâmicas sociais, numa tentativa bem-sucedida de inserir o espectador completamente na trama. Quando nos damos conta, já estamos envoltos naquela esfera de ficção científica que muito nos lembra a franquia Star Wars.
À medida que a história evolui, acompanhamos o dilema de Paul em assumir o seu posto de sucessor ao ducado do pai e como o seu genitor lida tranquilamente com isso. Particularmente, às vezes considero Chalamet valorizado além da conta, como mais um ator que Hollywood pega como favorito e nós não entendemos completamente o motivo. No entanto, em Duna, ele mostra o quanto é capaz de assumir diferentes nuances de personagens, mesmo aqueles que exigem uma profundidade maior.
Paul é um protagonista que cresce aos nossos olhos, seja pela mudança de seu perfil de jovem para homem, seja pelas camadas que ele vai mostrando com a evolução do roteiro. O rapaz tem sonhos premonitórios constantes com uma mulher desconhecida, vivida por Zendaya (Homem-Aranha: Longe de Casa). Ela aparece em flashes constantes na mente dele e só temos a oportunidade de ver a interação presencial ao final do filme. No entanto, a expectativa criada é cumprida e a dupla prova uma ótima química em cena, deixando um inevitável desejo por uma continuação.
Villeneuve consegue o ponto de equilíbrio perfeito entre a explanação da história e a ação em si. O espectador sai completamente inteirado de todos os detalhes da narrativa, sem que isso torne-se maçante de alguma forma. A duração do filme se mostra necessária e bem aproveitada, uma vez que temos tempo o suficiente com todos os personagens relevantes. Vale lembrar que o elenco conta ainda com participações de Jason Momoa (Aquaman), Stellan Skarsgård (Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo), Josh Brolin (Deadpool 2), Javier Bardem (Todos Já Sabem) e Dave Bautista (Vingadores: Ultimato). Time de peso para ficar à altura da grandiosidade da produção.
E, sim, esse é um filme imenso e poderoso. Duna oferece todos os elementos fundamentais para uma boa ficção científica, como brigas com tecnológicas, explosões em planetas remotos, guerra política, disputa por algum item raro ou de grande poder. Ele consegue estar muito próximo de Star Wars, mas ainda mantendo a sua característica particular e individual. Trata-se de mais uma produção para os fãs desse estilo de filme se deleitarem no cinema.
Todo esse roteiro bem construído não seria de grande valia se não fosse a combinação impressionante entre fotografia e trilha sonora. O diretor de fotografia Greig Fraser coincidentemente trabalhou em Rogue One: Uma História Star Wars. Já o magnífico e premiado compositor Hans Zimmer produziu uma trilha tão intensa e latente, que funciona como mais um personagem na trama. Nada do que sentimos ao longo de Duna seria possível sem a trilha sonora impecável.
Logo no início do longa, já somos informados de que essa é a Parte 1 da história e que uma continuação se faz necessária. O desfecho de Duna não é conclusivo e serve para deixar o espectador ainda mais ansioso pelos próximos capítulos deste novo universo cuidadosamente criado pelo escritor Frank Herbert e transmitido em tela pelo trabalho impecável de Denis Villeneuve. Valeu a pena todo o tempo de espera.
Direção: Denis Villeneuve
Elenco: Timothée Chalamet, Rebecca Ferguson, Oscar Isaac, Jason Momoa, Stellan Skarsgård, Josh Brolin, Javier Bardem, Dave Bautista
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