Desaparecidos na Noite

Crítica: Desaparecidos na Noite

2.5

Produção italiana, Desaparecidos na Noite é um filme que costuma ser enquadrado na “caixinha” do gênero “suspense Supercine”. No catálogo da Netflix, o filme poderia integrar perfeitamente a programação da Rede Globo em um sábado a noite depois do Altas Horas ao contar um tipo de história que costuma ser frequente nessa faixa de horário: um casal prestes a divorciar tem que lidar com o misterioso desaparecimento dos seus filhos, um crime que pode estar associado com a estranha vinculação do personagem de Riccardo Scamaccio, uma das peças desse matrimônio, com grupos criminosos da Itália.

O longa de Renato De Maria (de filmes como Hotel paura e Nada Santo) consegue condensar todos os elementos do suspense conduzindo o espectador a pistas falsas, ainda que em dado ponto a resposta para o desaparecimento das crianças da sinopse pareça óbvia. Além de Scamaccio, vale ressaltar a presença da inglesa Annabelle Wallis (de Maligno), garantindo o caráter globalizado da produção. Tanto Scamaccio quanto Annabelle seguram as pontas com personagens que gradualmente revelam suas verdadeiras facetas.

Desaparecidos na Noite

O problema é que nem sempre Desaparecidos na Noite compensa o seu espectador. Ainda que o filme possua econômicas uma hora e meia de duração, em dado momento, a história parece se arrastar, sobretudo as passagens em que o personagem de Scamaccio põe em prática a ideia de comprar cocaína para vendê-la a traficantes conhecidos a fim de pagar o resgate dos filhos. Logo em seguida, o personagem cai em uma armadilha que coloca a sua integridade física em perigo. São longuíssimas horas nas quais o diretor Renato De Maria só conta com o talento de Scamaccio para conduzir a tensão daquela história e, por mais que o ator dê tudo de si e esteja bem em cena, isso não é suficiente para manter a fidelidade do espectador no desenrolar dos acontecimentos.

O terceiro ato tem bons momentos, marcados por uma certa tensão e modestas doses de imprevisibilidade, mas o filme cai no equívoco de desequilibrar a balança da culpa dos pais a respeito dos eventos que abalam o cotidiano daquela família. O personagem de Scamaccio sai com uma imagem mais positiva do que a mulher interpretada por Wallis pois o roteiro acaba recorrendo a arquétipos da femme fatale para construir a personagem da atriz como uma mulher de personalidade desequilibrada. Além disso, o mesmo roteiro não dá muitas pistas sobre o passado desse casal antes do processo de divórcio ou mesmo da vida pregressa do seu protagonista masculino. Estes percalços do roteiro talvez sejam os pontos mais frágeis de um filme que vinha apresentando um certo vigor na direção do seu suspense.

Direção: Renato De Maria

Elenco: Riccardo Scamarcio, Annabelle Wallis, Massimiliano Gallo

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