Calmaria

Crítica: Calmaria

O roteirista Steven Kinight circula faz algum tempo em Hollywood e impressionou a crítica recentemente com seu segundo longa como diretor, Locke, que só tem o ator Tom Hardy em seu elenco e é centrado em suas ações dentro de um carro. Antes disso, Knight esteve por trás de roteiros dirigidos por gente como Stephen Frears (Coisas Belas e Sujas), pelo qual foi indicado ao Oscar, e David Cronenberg (Senhores do Crime). Estranhamente, alguém com tanta estrada e caminhos abertos na indústria é capaz de realizar um filme como Calmaria, cujo “calcanhar de Aquiles” é justamente o seu roteiro trôpego com direito a um absurdo twist que faria inveja a M. Night Shyamalan nos seus piores dias (algo do nível Fim dos Tempos).

Calmaria tem início quando somos apresentados a Baker Dill, personagem de Matthew McConaughey, e sua obsessão por um peixe. Dill tem um barco chamado “Calmaria” cujos clientes, a maioria turistas que estão de passagem pela região litorânea onde mora, parecem pretextos para o solitário marinheiro sair em busca do animal que batiza de “Justiça”. Quando Karen, personagem de Anne Hathaway, retorna na vida de Dill lhe oferecendo muito dinheiro em troca de um serviço sujo ele se vê tentado a aceitar a oferta concretizando sua obstinada procura pelo animal.

Calmaria

Claramente, Steven Knight faz de Calmaria um filme noir ambientado no litoral americano. McConaughey e Hathaway interpretam figuras conhecidas do gênero, o anti-herói enlaçado por uma trama criminosa apresentada a ele pela femme fatale da atriz exibindo uma inédita (?) madeixa loira. A princípio, o realizador parece apostar no gênero e nessa variação alternativa oferecida por essa ambiência, instigando o espectador a perseverar na história a fim de descobrir o que existe por trás da obsessão do seu protagonista pelo tal peixe e o risco que a moça interpretada por Hathaway irá oferecer a sua vida.

Na medida que a trama avança, vem a grande decepção. Como uma “carta na manga”, o realizador traz uma história paralela que faz com que toda a realidade construída até então seja uma verdadeira farsa. No terceiro ato, Knight faz Calmaria aparentar ser inteligente demais, como se tivesse extraído da “cartola” informações para impressionar o público mais desavisado, mas no fim das contas isso tudo só serve para a trama cair na descrença do espectador. Calmaria acaba esquecendo-se de encerrar “nós” da sua história que no final das contas não fazem muito sentido. Fica com a honra de provavelmente ser o filme com o twist mais estapafúrdio do ano.

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