Batem à Porta

Crítica: Batem à Porta

2.9

Batem à Porta é mais um filme do diretor M. Night Shyamalan (Vidro) que tinha tudo para ser incrível e desanda em dado momento, devido às escolhas equivocadas que o cineasta faz. E digo isso de maneira lamentosa, pois gosto muito do trabalho dele, de modo geral, então tinha certa expectativa quanto a esse filme.

Imagine que você, seu marido e filha estão curtindo as férias em uma cabana no meio do mato, quando de repente chegam quatro pessoas com porretes e machados na mão, pedindo para entrar na casa, pois têm algo muito importante para discutir. É assim que começa de maneira super interessante o filme. O espectador fica vidrado na telona o tempo inteiro, tentando acompanhar o desdobrar da narrativa.

Com boas escolhas de câmeras e enfoques geniais, a tensão rapidamente se instala. O quarteto nada fantástico afirma que o apocalipse está próximo e que o casal com a menina são os únicos capazes de reverter a situação. Para isso, vão precisar escolher voluntariamente um dos três para executar. Os invasores não podem interferir nem matá-los. Mas a cada negativa que o casal com a filhinha der, uma catástrofe acontecerá e um integrante do quarteto morre violentamente.

Claro que o casal principal trata tudo com um grande surto, uma seita de loucos. E é justamente essa dúvida que o roteiro quer plantar na mente do espectador. Será que tudo aquilo é verdade? Será que o apocalipse se aproxima? Ou será que é apenas um surto de loucura de um grupo e a qualquer momento teremos isso revelado? Batem à Porta não poupa energia para deixar o espectador completamente atordoado com as possiblidade e é isso que torna o filme muito bom de assistir.

Batem à Porta

Mas então por que comecei o texto dizendo que esse é mais um equívoco de Shyamalan? Bom, porque as escolhas de finalização do filme são completamente equivocadas. Primeiro que o casal principal, é importante dizer, é gay. O problema é que, com isso, paira uma pauta possível de homofobia no ar. E isso segue até o final, quando um dos personagens faz um discurso de honra e pagar o preço. Algo completamente incabível no ano que estamos e com a sociedade atual.

Ao invés de seguir um caminho de que “o sacrifício é vago” ou de “nada podemos fazer para impedir a destruição da sociedade” – que seria incrível e acertado – o diretor toma o caminho mais simplório, óbvio e pouco atraente. Mesclando com isso, temos detalhes péssimos no roteiro, como protagonistas com escolhas completamente duvidosas, falhas que revelam muito além do que deveriam dos personagens, como se eles duvidassem brevemente da qualidade mental do espectador.

Não há como dizer que Batem à Porta é um filme ruim, de fato. Mas é frustrante o suficiente para nos fazer pensar se vale a pena recomendar ou não. Há quem goste de obviedades, é claro. Mas não deveríamos esperar (muito menos, receber) isso de um diretor do cacife de M. Night Shyamalan.

Direção: M. Night Shyamalan

Elenco: Jonathan Groff, Ben Aldridge, Dave Bautista, Kristen Cui, Nikki Amuka-Bird, Rupert Grint, Abby Quinn

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