Aumenta que é Rock'n Roll

Crítica: Aumenta que é Rock’n Roll

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Na década de 1980, um grupo de jovens cariocas liderados pelo jornalista Luiz Antônio Mello é responsável por um movimento cultural no país. O ano era 1982 e Luiz Antonio recebeu a tarefa de gerir uma rádio em crise na época, a Fluminense FM. Mello e sua equipe fez história ao criar a primeira rádio brasileira com uma programação dedicada exclusivamente ao rock. Apelidada de “Maldita” pelos seus fãs, logo a Fluminense FM se transforma em um fenômeno nacional e é abraçada por uma geração de jovens que acompanhava os últimos anos da ditadura e o princípio da redemocratização do país.

É a história da Fluminense FM, a “Maldita”, que o longa Aumenta que é Rock’n Roll quer contar, adotando a perspectiva do seu criador, Luiz Antonio Mello, interpretado por Johnny Massaro. Sob a direção de Tomás Portella, da série Impuros e da comédia Qualquer Gato Vira-Lata, e o roteiro de L.G. Bayão, de A Porta ao Lado e O Doutrinador, o filme consegue contextualizar o cenário cultural da época e dimensionar a importância da rádio para o cenário artístico e político, como porta-voz de uma geração, ainda que se perca ocasionalmente no enlace amoroso do seu protagonista com a locutora Alice, interpretada por Marina Provenzzano.

Aumenta que é Rock’n Roll sabe captar o lado bem-humorado dessa história incorporando em sua estrutura narrativa crônicas da biografia da “Maldita”, como o episódio do concurso das camisetas que envolvia formigas ou do dia em que o equipamento da rádio quebrou e captou conversas íntimas da sua equipe ou ainda o envolvimento da rádio na primeira edição do Rock in Rio. É muito divertido acompanhar esse tipo de história que dá uma outra dimensão do sucesso de uma rádio que chegou a ocupar o segundo lugar na audiência das emissoras cariocas, uma perspectiva nada glamurosa dessa história que capta sobretudo o espírito da juventude de uma época.

Aumenta que é Rock'n Roll

O filme também ganha bastante por ter Johnny Massaro na pele de Luiz Antonio Mello. O ator consegue carregar a veia apaixonada, romântica e idealizadora do personagem pelo projeto da “Maldita”, mas também o aguçado senso de responsabilidade e profissionalismo do jornalista na condução daquela rádio. O longa de Tomás Portella só perde pontos com o espectador quando deixa de lado o  bem-humorado registro histórico para dar atenção ao romance envolvendo Luiz Antonio Mello e a locutora Alice, trazendo para Aumenta que é Rock’n Roll um tom novelesco próximo de uma temporada da Malhação para capturar audiências mais jovens, algo que aqui é completamente dispensável dadas as pretensões do filme.

Aumenta que é Rock’n Roll acerta ao narrar de maneira leve a trajetória da Fluminense FM. É um filme mais exitoso quando entende que o potencial dessa história está nos elementos que envolvem o entorno da rádio, sobretudo o retrato que faz da juventude brasileira dos anos de 1980. O longa infelizmente perde tempo com frivolidades que em nada acrescentam aos pontos fortes da obra, mas, ainda assim, as qualidades prevalecem e  o filme deixa uma impressão bem positiva nas plateias ao final da sessão.

Direção: Tomás Portella

Elenco: Johnny Massaro, George Sauma, João Vitor Silva

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