Às Vezes Quero Sumir

Crítica: Às Vezes Quero Sumir

3.5

Em Às Vezes Quero Sumir, Fran é uma moça tímida e solitária que trabalha em um escritório fazendo planilhas. Na maior parte do tempo, a jovem quer passar despercebida e tem alguns pensamentos suicidas. As coisas passam a mudar para a personagem quando chega um novo colega de trabalho em seu escritório, um homem divorciado duas vezes que é apaixonado por filmes. Fran começa a estabelecer um vínculo com esse novo colega e algumas novas possibilidades começam a se apresentar para ela, que encara tudo com muita reticência apesar do ímpeto de decidir encarar alguns dos seus maiores medos.

É bem comum que jovens estrelas que tenham surgido para o grande público em franquias populares apostem em projetos menores e mais autorais como uma nova etapa profissional a fim de mostrar para o público que seus talentos podem ser explorados de forma diferente. Este parece ser um objetivo da britânica Daisy Ridley desde que encerrou suas obrigações como a jedi Rey de Star Wars.

Às Vezes Quero Sumir é um filme que aposta no mínimo. É um produção de proporções modestas, centrada no drama de personagens que são a representação de pessoas ordinárias, com vidas, trabalhos e problemas comuns, e que tem uma abordagem extremamente sensível para um tema em voga nos últimos anos: a saúde mental. A diretora Rachel Lambert acerta ao concentrar seus esforços nos detalhes das interações humanas proporcionando a Daisy Ridley um desempenho único e comovente.

Às Vezes Quero Sumir

Como Fran, Ridley constrói o cotidiano de uma jovem mulher que busca o contato humano, mas não sabe como fazer para conseguir se inserir na sociedade. Em regra, Fran tem sua socialização obstacularizada pelo julgamento muito severo que tem sobre si, algo que torna o seu dia-a-dia, em situações que seriam orgânicas para outras pessoas, bastante doloroso. No meio do caminho, ela acaba cortando abruptamente alguns laços que passa a estreitar, voltando a ciclos insuportáveis de procura pelo contato humano, seguidos por uma repulsa a qualquer possibilidade de afeto.

Lambert explora a psiquê da sua personagem através de representações criativas e simbólicas de alguns dos pensamentos dessa protagonista. A diretora também acerta ao conseguir conferir leveza a um filme que explora temáticas tão pesadas, sem que isso implique em uma visão romantizada para os problemas de Fran. Fica evidente como a personagem sofre com seus problemas de saúde mental, mas isso não significa que sua diretora irá “pesar a mão” na atmosfera da história. Lambert tem um olhar otimista para as pessoas e consegue trazer para o filme o acolhimento necessário que a sua protagonista precisa.

A diretora Rachel Lambert consegue com Às Vezes Quero Sumir construir uma história empática sobre uma personagem que enfrenta cotidianamente batalhas contra si mesma. O longa é uma ótima oportunidade para Daisy Ridley desabrochar como atriz, presenteando o público com uma interpretação repleta de sensibilidade, detalhes e momentos de cortar o coração. A junção dos esforços dessas duas artistas rendem um filme singelo, mas profundamente rico e humano.

Direção: Rachel Lambert

Elenco: Daisy Ridley, Dave Merheje, Parvesh Cheena

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