Amores Solitários

Crítica: Amores Solitários

2.5

Tem repercutido internet afora como 2024 foi o ano do intitulado romance com age gap (diferenças de idade) protagonizados por atrizes veteranas. Em Uma Ideia de Você do Prime Video, Anne Hathaway viveu a mãe de uma adolescente apaixonada pelo ídolo da filha, o integrante de uma boy band interpretado por Nicholas Galitzine. Já Tudo em Família da Netflix trouxe Nicole Kidman como uma escritora cujo caso com um astro de cinema egocêntrico interpretado por Zac Efron abala a relação com sua filha, funcionária dele. Agora, é a vez de Laura Dern ter um romance com Liam Hemsworth em Amores Solitários uma das adições de outubro do catálogo da Netflix.

Ambientado no Marrocos, Amores Solitários conta a história da renomada escritora Katherine Loewe vivida por Dern. Ela está em um país para viver a experiência de um retiro criativo em um hotel cheio de hóspedes escritores de diferentes gerações. No local, Katherine conhece Owen, papel de Liam Hemsworth, um consultor de finanças acompanhante da namorada no retiro. O jovem casal acaba vivendo uma crise no relacionamento durante o retiro e as brigas dão espaço para que Owen conheça um pouco mais Katherine. Aos poucos, Katherine e Owen descobrem que têm muito em comum e vivem uma experiência romântica nessa viagem.

Amores Solitários

Em meio a inúmeras conveniências de roteiro, Amores Solitários encontra alguma faísca em sua história através da genuína química construída por Dern e Hemsworth. O longa dirigido e roteirizado por Susannah Grant tem a grande “sacada” de não ser muito precoce na concretização da relação amorosa entre seus protagonistas. Parte da narrativa é tomada pelas cenas nas quais Katherine e Owen trocam confidências e descobrem afinidades. Como personagens deslocados em um contexto social que, por diferentes razões, lhe parece indesejável (o caso dela) ou hostil (o caso dele), os personagens criam uma conexão possível apenas porque o filme dedica muitos momentos às conversas conduzidas com muita sintonia por Dern e Hemsworth. A compreensão de Susannah Grant de que a química entre o seu casal precisa ser construída, conquistada, é o que transforma a experiência de Amores Solitários pontualmente singular e envolvente.

É uma pena que toda a originalidade estabelecida inicialmente não é mantida durante boa parte da narrativa e, como convém a um projeto comercial, Amores Solitários apela para fórmulas em seu terceiro ato. Dos diálogos bobos aos encontros e desencontros batidos no relacionamento entre seus protagonistas, sabotando boa parte da originalidade conquistada durante boa parte da sua trama. Nesse esteio, nem mesmo a sinergia entre Laura Dern e Liam Hemsworth salva o projeto de um desfecho no “piloto automático” semelhante a uma dúzia de filmes do gênero. A princípio, Grant acerta bastante ao mirar em uma espécie de Antes do Amanhecer para a geração de espectadores da Netflix, mas logo pasteuriza o seu projeto transformando o seu filme em mais um entre tantos a apostar nos mesmos clichês de sempre.

Direção: Susannah Grant

Elenco: Laura Dern, Liam Hemsworth, Diana Silvers

Assista ao trailer!