Amantes

Crítica: Amantes

2.5

Amantes é a mais recente empreitada de Nicole Garcia na direção cinematográfica. Garcia quer contar um thriller centrado em um triângulo amoroso envolvendo um casal interpretado por Pierre Niney e Stacy Martin, separados no passado depois que ele se envolve na morte de um cliente por overdose. Simon, o personagem de Niney, é um traficante de drogas que, para afastar a responsabilidade da namorada sobre a morte do sujeito, já que, assim como ele, ela também estava na residência do homem, resolve fugir deixando todo o passado para trás. Anos depois, já casada com um magnata interpretado por Benoît Magimel, Lisa (Stacy Martin) reencontra Simon e os dois passam a viver um romance às escondidas.

É claro que em dado momento da história (estamos falando de um thriller), os protagonistas do filme de Garcia acabam se dando conta de que terão que tomar uma decisão drástica para dissolver esse triângulo e afastar o marido dela de suas vidas. Até certo ponto, Nicole Garcia mantém a trama em rédeas bem seguras, conferindo um ótimo ritmo para sua história digna do legado de um Adrian Lyne no gênero (Atração Fatal e Infidelidade). Esse tipo de história tem uma atração magnética com o público, a gente sempre fica instigado com os próximos passos dos personagens, sempre na expectativa de uma tragédia iminente para uma história de amor que já não começa bem. Amantes tem um “q” de novelesco, de trama que reitera caminhos de outras histórias e que, por isso mesmo, segue envolvente para o público.

Amantes

Acontece que nem tudo em Amantes corre às mil maravilhas, seus problemas são sutis e ainda que em dada medida o filme entretenha o público, ao final da sessão fica a sensação de uma incompletude cuja fonte o espectador não sabe identificar em um primeiro momento. Falta um pouco de charme e erotismo na relação entre os personagens de Pierre Niney e Stacy Martin, algo que seria fundamental para dimensionar a atração dos amantes da trama. Garcia emprega uma direção muito pálida, monocórdica e esteticamente monocromática, repleta de paletas beges e champanhe. Falta ao longa “abraçar” sem reservas a passionalidade que anuncia com seu casal principal, isso não está na tela.

Ao longo da sua condução para a história, a diretora e co-roteirista dá toques interessantes ao triângulo amoroso a ponto de fazê-lo escapar de uma visão moralista que permeou essas tramas na década de 1980, por exemplo, sobretudo em Hollywood. O marido traído de Benoît Magimel não é um pobre coitado, é um sujeito de comportamento questionável e até detestável. Não fosse a apatia da protagonista de Stacy Martin, torceríamos ainda mais contra um final favorável para o sujeito. O desfecho de Lisa (Martin), por sua vez, é bem interessante se pensarmos na sua própria emancipação após anos turbulentos ao lado de duas figuras masculinas bem complicadas.

Apesar dessa injeção de ânimo pontual de Garcia no gênero, Amantes é um filme que precisaria de um pouco mais de vida, de senso de erotismo e melodrama. Ele é excessivamente “francês”, low profile e comedido demais na representação de emoções que parecem borbulhar nos seus personagens. É discreto demais, excessivamente sóbrio para uma trama que envolve escândalos matrimoniais cuja tragédia parece um ponto de chegada incontornável.

Direção: Nicole Garcia

Elenco: Pierre Niney, Stacy Martin, Benoît Magimel

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