Abraço de Mãe

Crítica: Abraço de Mãe

2.5

Em Abraço de Mãe, Marjorie Estiano interpreta Ana, uma oficial do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro que acaba de sair de um período turbulento. Ana foi afastada do serviço devido a um desempenho preocupante durante um incêndio. Na operação, a oficial paralisou diante do fogo e não conseguiu concluir a ação que deveria realizar. Em função disso, a personagem é transferida para o serviço administrativo dos bombeiros e teve que passar por um longo tratamento psiquiátrico para cuidar de traumas que guardavam relação com o episódio. Sentindo-se preparada para voltar à ativa, Ana encara imediatamente um estranho caso envolvendo um asilo com problemas em sua edificação cujos internos insistem em não abandonar o local.

Abraço de Mãe é uma produção original da Netflix dirigida pelo argentino Cristian Ponce com um elenco majoritariamente brasileiro, a exceção é o ator Javier Drolas que interpreta o gerente do asilo. A missão da oficial dos bombeiros vivida por Estiano logo é convertida em uma grande representação da superação dos traumas da protagonista. Quando pequena, Ana teve que lidar com a instabilidade psicológica da sua mãe que culminou em um incêndio provocado por ela quando a personagem era ainda muito pequena. Assim, o longa dirigido e roteirizado por Ponce apresenta diversos elementos do horror, como a habitação caindo aos pedaços, seitas esquisitas e até mesmo criaturas “lovecraftianas”, tudo serve como base para o projeto explorar a jornada psicológica da sua protagonista. O problema é que a junção de tantas referências traz para o filme problemas na resolução da história. Cristian Ponce lida com muitas frentes em sua trama, mais do que deveria.

Abraço de Mãe

Ponce emprega uma direção competente ao projeto, lidando bem com efeitos, jump scares, o suspense e os elementos fantásticos da sua história. O cineasta também conta com uma atriz com talento acima de qualquer suspeita para viver a sua protagonista. Marjorie Estiano está ótima como a heroína deste terror, dosando bem as emoções variadas da personagem e servindo à trama como o seu fio condutor. Além disso, podemos dizer que é um dos poucos integrantes do elenco que consegue superar a artificialidade de algumas falas do roteiro do longa.

No terceiro ato, Abraço de Mãe se perde na intensa variedade de recursos que tem à sua disposição para construir sua história de horror, não satisfazendo por completo em nenhuma das vias abertas: do sobrenatural ao culto que se manifesta na ação de determinados personagens em dado momento da narrativa. Não fosse a direção e a sensibilidade com a qual Estiano conduz sua personagem, provavelmente, o público teria uma experiência mais “emperrada” dada as lacunas deixadas pelo seu roteiro inflado de elementos do gênero.

Direção: Cristián Ponce

Elenco: Marjorie Estiano, Javier Drolas, Thelmo Fernandes

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