A Despedida

Crítica: A Despedida

3.4

Estreia esta semana nas principais plataformas de streaming para locação, o longa A Despedida, com Susan Sarandon (Thelma & Louise), Kate Winslet (Roda Gigante) e Mia Wasikowska (O Diabo de Cada Dia). Com direção de Roger Michell (Um Lugar Chamado Notting Hill), o filme fala sobre o luto precoce e a importância de respeitar a escolha do próximo, mesmo que isso implique em grande sofrimento para a pessoa e aquelas que estão ao seu redor.

Numa redoma de melancolia nata, o filme nos apresenta os personagens daquele momento intenso que está sendo vivenciado, como uma mistura de fim de semana em família e a perda de alguém amado. Isso porque Lily, a matriarca da família, tomou a decisão de encerrar a própria vida em função do avanço de uma doença que não é especificada na trama. A cada dia que passa, ela perde mais o domínio sobre os atos físicos, sobre a mente e o controle de suas funções. Casada com um médico e sabendo que não terá qualquer tipo de evolução positiva no quadro, ela decide fazer um suicídio assistido e convoca a família para um fim de semana.

A medida que as filhas vão sendo inseridas na trama, primeiro com a personagem de Kate Winslet e depois com a de Mia Wasikowska, vemos que a dualidade de aceitação será palco desta trama. A primeira é controladora, burocrática e prática demais. Embora ela não goste da escolha da mãe, respeita porque acredita que isso cabe apenas a ela. Já a segunda traz o lado mais emocional e mostra que não está preparada para se distanciar da mãe ainda.

A Despedida

Com a inserção de seus companheiros, assim como a amiga íntima dos pais, o filme pontua o espectador com toda a dor e intensidade que é participar de uma escolha tão difícil quanto essa. Os personagens oscilam entre aceitação, compreensão e revolta, a depender de que tipo de situação se apresenta. O espectador começa a entender a relação da Lily com as filhas, como que o tempo é cruel impedindo que vários fios soltos sejam amarrados.

Mas é esse o objetivo em A Despedida. Mostrar que nem todo fio da vida será compreendido no seu tempo devido e que a morte é implacável, mesmo quando se é previsível, como neste caso. Lidar com uma escolha tão difícil quanto essa e sobre a qual nenhum dos personagens ali tem poder (a não ser a própria Lily), faz o espectador refletir sobre como o fim de um ciclo é inevitável.

O filme peca com a inserção de uma subtrama desnecessária ao final do longa, tentando desviar o verdadeiro foco da narrativa. Levanta-se a hipótese de que o marido estaria apoiando a decisão da esposa pois se envolveu emocionalmente com a amiga deles. Mas isso é muito pequeno e raso para a profundidade desta trama. É algo completamente desnecessário e que faz o filme, como um todo, cair em qualidade. Outro ponto é que o personagem de Sam Neil (O Passageiro) merecia um pouco mais de foco e explicação, ampliando o trio principal da mãe com as duas filhas. O luto para este homem é tão real quanto os demais.

Por fim, A Despedida é um filme melancólico e reflexivo, que traz pensamentos instigantes sobre o processo de luto e a própria vida em si. Roger Mitchell peca um pouco no quesito aprofundamento dos personagens e amplitude de suas histórias e relações, o que faria o longa muito mais robusto e completo. Ainda assim, é um drama de qualidade, já que traz uma escolha de elenco excepcional.

Direção: Roger Michell
Elenco: Susan Sarandon, Kate Winslet, Mia Wasikowska, Sam Neil, Rainn Wilson, Lindsay Duncan, Bex Taylor-Klaus, Anson Boon

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