Vampira Humanista Procura Suicida Voluntário

52º Festival du Nouveau Cinéma de Montréal: Vampira Humanista Procura Suicida Voluntário

3

Existe uma sensação de não pertencimento geral, que perpassa a vida de um indivíduo na adolescência (dentro da família, da escola, com o próprio corpo etc). É nesta lógica de emoção que se baseia a trama de Vampira Humanista Procura Suicida Voluntário. Porque, por mais que o sentimento de ausência de encaixe possa habitar o corpo e a alma das pessoas em qualquer idade, existe uma exasperação e uma urgência por fugir das normas, específica deste período da vida.

E esta sofreguidão misturada com urgência é que baseia os anseios da protagonista Sasha (Sara Montpetit), uma vampira que não quer matar gente e, por isso, se sente melancólica, sozinha, excluída etc. Para reafirmar os sentimentos juvenis da personagem, existe seu visual.

Meio punk, meio emo, Sasha está sempre de preto e sem muitas expressões faciais. A palidez vem do fato dela ser uma vampira, mas o restante da sua família conta com gestos maiores em seus rostos e corpo. Esse distanciamento é paralelado com a conexão que Sasha tem com um humano, Paul (Félix-Antoine Bénard).

A relação é o maior acerto da produção. Visualmente semelhantes, em fisicalidades e falas, o público pode se encantar com o relacionamento dos dois e shippar o casal. Não existem grandes complexidades sendo exploradas por aqui, porém a estrutura do roteiro, na qual Sasha é colocada como excluída e Paul também proporciona esta empatia para com eles e fomenta a “shippagem”.

Vampira Humanista Procura Suicida Voluntário

Todas estas estratégias de exclusão e ansiedade colocadas na tela funcionam. Há certo prazer em acompanhar a jornada de Sasha e Paul, mas falta uma força maior do roteiro e da direção para que a produção seja melhor. Colocando conflitos com soluções fáceis e repentinas, a intensidade da trama se esvai.

Além disso, o humor do canadense de Quebec não ajuda a refinar o longa, pelo contrário. As piadas das obras da região tendem a parecer aquelas do “tio do pavê”. A construção cômica é tão ingênua e previsível, que quase não há riso para o quem prefere uma comicidade mais elaborada.

O que é triste, porque Vampira procura soa como uma tentativa de trazer uma comédia sombria e contém um texto pueril, deixando-o infantil. Por fim, falta coragem para a realizadora e sua equipe de colocar as figuras dramáticas em posições mais fortes. Há medo e indecisão sobre o rumo de cada papel dentro da história.

Este receio não transforma a protagonista. Talvez, Paul e um pouco a sua família. Sasha permanece a mesma e até mesmo o título não se segura. O que fez Vampira Humanista Procura Suicida Voluntário ser prazeroso é, principalmente, o talento do elenco. No entanto, o resultado geral entretem. Caso o espectador não espere encontrar algo especial, a sessão será bem sucedida!

Direção: Ariane Louis-Seize

Elenco: Sara Montpetit, Félix-Antoine Bénard, Steve Laplante, Sophie Cadieux, Noémie O’Farrell, Marie Brassard

Assista ao trailer!