Romance

25ª Mostra de Cinema de Tiradentes: Romance

1.5

Um filme dirigido e roteirizado por Karine Teles (Otimismo) e estrelado por Gilda Nomacce (5 estrelas) certamente pode criar diversas expectativas. Para quem acompanha o audiovisual nacional e os festivais de cinema brasileiros, os dois nomes são icônicos. Nesse olhar de quem aguarda algo sensacional, a decepção pode ser um tanto intensa. Romance é um curta-metragem que flerta com uma despretensão em sua decupagem.

No entanto, seu tom é fortemente pretensioso e este é o primeiro incômodo da sessão. Contudo, a questão central aqui para apontar um resultado não tão positivo é que esta é uma produção que convoca muitas personagens e elementos, porém que não sabe trabalhar ele para mostrá-los para o espectador. Em algumas sequências, como na do campo de futebol, a captação de som e a escolha de manter o quadro em plano geral interferem diretamente na fruição da obra.

Não é possível enxergar as expressões faciais dos atores ou mesmo escutá-los com precisão. Neste tipo de situação é complexo acompanhar o que está acontecendo, se conectar com a história apresentada. Ao mesmo tempo, os próprios intérpretes parecem desconfortáveis. Seja em questões de corpo ou de intenção do texto, as construções soam artificiais e a ausência de organicidade vem tanto da mise-en-scène desorganizada, quanto do roteiro confuso.

Algo que não está presente no enredo é uma paciência para a elaboração de atmosfera, bem como um espaço para se conhecer a protagonista. As situações vão tropeçando uma na outra e chegam quase de maneira ingênua. O discurso posto na trama é nítido, faz sentido e é uma boa pauta para se trazida. Contudo, deixar a personagem principal como um agente passivo de todas as ações que a cercam e somente reiterar a todo tempo esta prisão que querem que ela habite deixa a obra sem complexidade.

Apesar de todo este contexto, é válido ressaltar que Romance  conta com alguns momentos que podem valer a sessão, seja por alguns planos gerais bem enquadrados ou por um sarcasmo que perpassa a narrativa, que revela um potencial de Teles em trazer um tema relevante sem se levar tão a sério. Não existem limites impostos e a falta de previsibilidade é um ponto qualitativo positivo aqui.

Direção: Karine Teles

Elenco: Gilda Nomacce, Enrique Diaz, Bruno Balthazar