Me Chama Que Eu Vou

Crítica: Me Chama Que Eu Vou

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Seguindo a cartilha de documentários musicais e biográficos, Me Chama Que Eu Vou acompanha os passos da trajetória de Sidney Magal, artista que ganhou projeção no cenário nacional a partir dos anos de 1970, apostando na imagem de “amante latino” com hits como “Se te agarro com outro te mato”, “Meu sangue ferve por você”, “Me chama que eu vou” e, claro, “Sandra Rosa Madalena”. Magal apostava na imagem de amante latino, flertando com o brega, a salsa e a lambada e suas canções seguem populares até hoje, ultrapassando barreiras de gerações, sobretudo pelo culto à nostalgia.

O documentário de Joana Mariani segue uma estrutura protocolar aos filmes do formato. A cineasta tenta dar conta de todos os episódios da trajetória de Magal até aqui em ordem cronológica, tendo como matéria-prima imagens de arquivo e depoimentos do próprio protagonista da história, sua esposa Magaly e o filho Rodrigo.

Me Chama Que Eu Vou

Por vezes soando muito mais como um especial de TV feito “na forma” usual desse tipo de produção do que um documentário, Me Chama Que Eu Vou tem pouca identidade narrativa e não se esforça muito para usar a linguagem audiovisual de maneira inventiva, tudo é muito protocolar no filme. O que marca a produção é o próprio legado artístico de Magal que se impõe por si só. Sidney é uma figura inegavelmente marcante na cultura popular brasileira e o longa é beneficiado por um protagonista tão querido (e presente) nas nossas melhores memórias.

O longa de Mariani sublinha muito bem Sidney Magal como um artista visionário que no seu tempo teve o feeling de perceber toda a lógica da música pop que predominaria nos próximos anos pela geração MTV em virtude da popularização do videotape. Magal fazia sua música não apenas para ser ouvida, mas vista, sendo um performer fascinante que marcou presença com apresentações visualmente impactantes por figurinos e coreografias em programas de auditório da televisão brasileira, como as atrações do Chacrinha, Hebe Camargo e Faustão.

O filme também narra alguns episódios da vida pessoal de Sidney. Os tópicos que se destacam nesta seara da vida do artista são sua relação com sua mãe, o encontro com Magaly, com quem é casado até hoje, e sua mudança para o nordeste do Brasil em busca de uma melhor qualidade de vida.

Assim, Me Chama Que Eu Vou cumpre muito bem a sua função de memória, recuperando o legado de Magal. Ainda que lhe falte uma certa originalidade na costura dessa história e alguns temas bem interessantes não sejam remexidos com a profundidade que mereciam (como nossa preconceituosa rejeição com a arte popular), Me Chama Que Eu Vou tem grandes momentos nesse resgate da trajetória de Sidney Magal e faz uma bela homenagem a sua carreira.

Direção: Joana Mariani

Elenco: Sidney Magal

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