Dezesseis Facadas

Crítica: Dezesseis Facadas

3.5

Das recentes propostas de slashers, Dezesseis Facadas traz aquela que talvez seja uma das mais originais. O filme de Nahnatchka Khan (de Meu Eterno Talvez) traz a premissa de praxe do subgênero do horror: um grupo de adolescentes perseguidos por um serial killer mascarado, cuja identidade o público e a protagonista tem a missão de descobrir. No entanto, a narrativa de Dezesseis Facadas subverte as expectativas quando o assassino misterioso retorna anos depois de sua chacina para matar a sobrevivente do grupo de adolescentes. A ação incita na filha da vítima o desejo de empreender uma viagem no tempo para salvar a mãe recém-falecida e seus amigos que morreram na década de 1980.

Completamente descompromissado, mas ao mesmo tempo extremamente consciente das lógicas e estratégias narrativas em curso no gênero, Dezesseis Facadas acerta sobretudo pelo seu roteiro afiado que mescla dois tipos de histórias tão banalizadas nas telas atualmente: o slasher e o filme de viagem no tempo. Empreitadas recentes de ambos como o revival da franquia Halloween e Flash não foram tão felizes assim no uso de seus recursos quanto Dezesseis Facadas. O longa de Khan tem um humor auto-consciente na medida certa, sem depreciar o legado desses dois tipos de história, além de adicionar possibilidades interessantes de contá-las, nunca aventadas antes, acertando ao equilibrar revisionismo e reverência.

Dezesseis Facadas

O roteiro acerta no ponto quando confronta os adolescentes inconsequentes e arrogantes dos anos de 1980, um reflexo das representações da filmografia do gênero (todos parecem saídos de um autêntico slasher daquele período) com sua mocinha contemporânea extremamente investida em pautas e percepções do nosso tempo, promovendo um choque de cultura entre gerações que rende bons momentos na tela. É interessante como a ideia de viagem no tempo promove uma revisão no slasher em Dezesseis Facadas, sem que, em momento algum, o filme soe como uma proposição arrogante de superioridade de uma visão contemporânea sobre um gênero que tem um vasto legao. Ao mesmo tempo, no âmbito da “história sobre viagem no tempo”, o título faz uso inteligente da referência comum a esse tipo de filme, a franquia De Volta para o Futuro, de Robert Zemeckis.

Divertido e original, Dezesseis Facadas acerta na sua abordagem equilibrada de revisionismo e nostalgia, algo que muitos títulos recentes tentam, mas poucos conseguem. O filme tem a verve irreverente, escapista e autorreferente de Pânico com o tom nostálgico e descompromissado de uma comédia high school que utiliza de maneira certeira o mote da viagem no tempo. Enfim, um título que veio em boa hora no mês do Halloween.

Direção: Nahnatchka Khan

Elenco: Kiernan Shipka, Olivia Holt, Julie Bowen

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