Crítica: Águas Rasas

O legal de pensar uma crítica muito tempo depois que assistiu ao filme é que dá tempo de refletir sobre todas as sensações deixadas (ou não) pela obra. Só o fato de ele ser memorável ou não, já é informação para ser levada em conta. Águas Rasas, felizmente, ficou em minha mente por muito tempo.

A história é simples. Uma jovem viaja em busca de uma praia paradisíaca onde sua mãe tirou foto quando estava grávida dela. Ela surfa e o objetivo é curtir o cenário, viver emoções que a mãe, já falecida, passou, etc. No meio de todo este deleite, ela é surpreendida por um tubarão, que consegue deixá-la encurralada apenas 200 metros da praia.

Embora simplória, a narrativa consegue manter o espectador tenso e vidrado na telona, pensando no próxima cena. Com uma ideia do clássico Tubarão e pinceladas de O Náufrago, este longa consegue passear com certa tranquilidade entre a tensão e o desespero de não ter nenhum apoio para a protagonista. Blake Lively carrega a responsabilidade praticamente toda, uma vez que o filme tem pouquíssimos personagens secundários, focando mesmo na mocinha em perigo. Ela não tem nada de coitada, no entanto. Consegue driblar situações muito difíceis e de desespero, lutando pela própria vida.

As cenas conseguem levar o espectador à um medo real de tudo que está acontecendo, nos fazendo refletir sobre como estamos expostos em diversas situações e nem imaginamos. Além disso, explora muito o senso de mistério do mar, que esconde criaturas traiçoeiras, como o próprio tubarão. Algumas tomadas em que a câmera flutua na onda, ora mostrando a superfície e ora mostrando o mundo aquático, realmente intensificam ainda mais a sensação de thriller. Tudo isso tem o apoio da trilha sonora, que é muito coerente. O que torna tudo mais interessante, no entanto, é que não se trata de um filme apenas sobre tubarões que atacam. Tem todo um enredo por trás, uma questão de descoberta da protagonista e como ela vai ter que se reinventar e recorrer a coisas que tinha deixado para trás para conseguir se salvar.

A direção de fotografia também é muito acertada, criando um ambiente belíssimo e assustador ao mesmo tempo. O espectador vai acompanhando o aumento da maré, que invariavelmente cria um perigo ainda maior para a personagem. O filme funciona bem como um todo e pequenos deslizes acabam sendo esquecidos pelo todo. Vale a pena conferir!

Assista ao trailer!