Furiosa: Uma Saga Mad Max (2024)
Cena de 'Furiosa: Uma Saga Mad Max' (2024)

Critica: Furiosa – Uma Saga Mad Max

Critica: Furiosa – Uma Saga Mad Max
3.5

A estreia de Furiosa: Uma Saga Mad Max marca o retorno de uma das mais célebres franquias de ação dos cinemas. Chegando aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (23), o longa-metragem chama uma legião de fãs ansiosos por mais um capítulo repleto de corridas em desertos, explosões e distopia futurística. O novo filme vem para expandir a história de uma personagem já conhecida pelo público desde Mad Max: Estrada da Fúria (2015). Com sua recente exibição no Festival de Cannes e seus quase 10 minutos de aplausos, é inevitável que se crie ainda mais expectativas no público sobre a nova produção.

É evidente que, quem de fato é fã da franquia, não vai assistir Furiosa por conta do burburinho de Cannes. Existe uma fidelização entre o gênero de ação e seu público muito claro – como vemos em filmes com os da franquia Velozes e Furiosos (2001-). Apesar disso, a ideia de expandir a história da personagem-título, antes vivida por Charlize Theron (Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, de 2022, e Velozes e Furiosos 10, de 2023) e agora comandada por Anya Taylor-Joy (O Menu, de 2022, e Duna: Parte 2, de 2024), gera uma curiosidade. Afinal, quando se fala de um universo distópico tão brutal quanto Mad Max, não se espera nada menos do que essa composição de choques e exageros tão característicos da franquia.

Na cadeira da direção, o público vê, mais uma vez, o retorno de George Miller. Depois de quase 10 anos, o cineasta australiano retorna para sua narrativa cativa que marcou o início de sua carreira. Mad Max, que já tem seus 45 anos, volta aos cinemas com o quinto longa do universo. Dessa vez, a ideia do diretor e roteirista é voltar alguns anos no passado para contar ao público a história da marcante e premiada personagem do filme anterior da franquia. O diretor se mantém fiel a sua essência, talvez com um truque ou outra a mais na manga, mas não foge do esperado com a direção de Furiosa.

Furiosa conta a história de origem de sua personagem-título. Dividido em 5 partes, o espectador passa a ver suas desventuras desde o momento que ela se separa de sua família até ir parar na Cidadela, sob os desmandos insanos e cruéis de Immortan Joel (Lachy Hulme). Majoritariamente, a história é centralizada no período em que Furiosa (Anya) vive seu confronto de anos com Dementus (Chris Hemsworth), o responsável por tirar tudo dela, inclusive sua família.

Furiosa: Uma Saga Mad Max (2024)
Cena de ‘Furiosa: Uma Saga Mad Max’ (2024)

A ideia, como pontuado anteriormente, é estrategicamente interessante e financeiramente efetiva por conta da fidelidade dos fãs. No entanto, é questionável, para um olhar menos apaixonado pela história, se ela se faz necessária. A sensação que dá ao final do filme é que, assim como Rogue One: Uma História Star Wars (2016) e Han Solo: Uma História Star Wars (2018), Furiosa é mais uma forma de prender o público em um looping de repetições de uma fórmula que já deu certo. No fim, parece que é só mais um jeito de arrancar dinheiro dos fãs de Mad Max com a retroalimentação de algo que parece não sair do lugar.

Furiosa é indiscutivelmente bem executado, tal qual seus antecessores. Visualmente falando – seja na direção de arte como na fotografia – o resultado do novo filme é tão bem trabalhado como no filme de 2015. Ou seja, no que diz respeito à direção, estética e resultado final do projeto, a nova produção do universo Mad Max é bem feita. As perguntas que ressoam ao final da sessão, no entanto, são: precisava mesmo de mais um filme? A história se faz relevante o suficiente para justificar o retorno à franquia?

É importante destacar, contudo, que o desempenho da dupla principal de artistas é louvável. Ainda que sem o mesmo impacto de Charlize, Anya deixa a sua marca e tem cenas fortes – especialmente no final de Furiosa. Da mesma forma, Chris Hemsworth (Thor: Amor e Trovão, de 2022) entrega um trabalho surpreendente por se distanciar de seus desempenhos mais conhecidos. Apesar de proporcionar esses momentos interessantes e de ter uma estética e visualidade bem elaboradas, o longa não vai além disso. Não há nada demais no roteiro co-escrito por Miller e Nico Lathouris (Mad Max: Estrada da Fúria, de 2015). A produção parece não correr riscos e se mantém apenas bebendo do que já foi feito durante a franquia.

Furiosa está longe de ser um filme ruim – especialmente para os fãs do cinema de ação -, mas tudo aquilo que Miller conseguiu trazer de diferente em Estrada da Fúria se perde aqui. Assim como nos primeiros filmes da franquia, esta narrativa foca mais na imagem do que na força da construção do texto (e aqui não me refiro aos diálogos, mas na construção do roteiro) e dos contextos dos personagens, vivendo apenas do seu antecessor direto. A sensação que fica é que a produção não inova em absolutamente nada, a não ser em novas possibilidades esdrúxulas de mortes, explosões e capotamentos de carros durante as cenas de perseguição.

Direção: George Miller

Elenco: Anya Taylor-Joy, Chris Hemsworth, Tom Burke e Alyla Browne

Assista ao trailer!