Com cerca de cinco filmes lançados, impressiona a popularidade da franquia Transformers, até aqui, completamente dirigida por Michael Bay. Apesar dos dólares arrecadados, todos os filmes não possuem muitos méritos narrativos. As histórias são frouxas, os personagens não tem carisma e suas relações são superficiais e a direção da ação é burcocrática. Eis que um prequel da franquia consegue ser melhor do que todos os títulos lançados até aqui. Bumblebee conta a história dos primeiros anos do “transformer” amarelo na Terra e, conduzido por Travis Knight, diretor de Kubo e as Cordas Mágicas, o filme consegue ser o melhor exemplar derivado desse universo dos robôs alienígenas que se disfarçam como carros quando estão entre nós.
O acerto de Bumblebee é valorizar o elemento humano. A relação que o filme estabelece entre o personagem título e a adolescente interpretada por Hailee Steinfeld e como ela gradualmente cresce na tela é o que há de melhor no longa, o seu coração. Diferente da relação criada entre o mesmo robô e o personagem de Shia LaBeouf nos três primeiros filmes, na companhia da Charlie de Hailee Steinfeld, Bumblebee não é um chamariz para atrair o sexo oposto, o robô acaba sendo de fato um amigo que ajuda a protagonista a superar o luto do pai e aos poucos estabelecer de volta sua conexão com o mundo.
A relação entre Charlie e Bumblebee é construída por momentos de genuína afetividade e o filme tem algumas boas soluções na condução desse caminho, faz com que trechos de canções dos anos de 1980, época na qual se passa o filme, sirvam como elo de comunicação entre a garota e o robô, por exemplo. Nesses momentos, Bumblebee demonstra um desejo de tornar sua história significativa e empática para o público, algo que os filmes anteriores da franquia Transformers não conseguia.
Quando o filme cai em seu ritmo e no estabelecimento de uma ponte com a plateia é no instante em que apela para a “boa e velha” ação confusa e vilões canastrões feitos de CGI que tanto “poluíram” a série cinematográfica e a transformou em produtos enfadonhos de mais de duas horas de duração. Ao demonstrar, no entanto, a relação de cumplicidade entre garota e “máquina”, Bumblebee vira um ponto fora da curva que surpreende o mais raivoso “hater” de transformers, fazendo algo que nenhum outro filme da franquia conseguiu, tornar carismático um de seus personagens mais constantes e até celebrados.
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