Missão: Impossível – O Acerto Final (2025)
Tom Cruise em cena de 'Missão: Impossível – O Acerto Final (2025)'

Crítica: Missão: Impossível – O Acerto Final

Crítica: Missão: Impossível – O Acerto Final
3.8

Depois de quase 30 anos de mirabolantes missões arriscadas de espionagem e traições, a franquia Missão: Impossível chega ao fim. O oitavo filme estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (22) e promete arrebatar os fãs dos longas-metragens comandados pelo agente Ethan Hunt (interpretado por Tom Cruise). O propósito de Missão: Impossível – O Acerto Final claramente é fazer um apanhado do que foi a franquia e seu impacto no cinema de ação ao longo desses 29 anos – e eles conseguem. Se há algum tipo de dúvida sobre a produção ser capaz de, mais uma vez, manter sua essência e entregar um longa instigante, pode se despreocupar.

Missão: Impossível – O Acerto Final não apenas é um bom encerramento da longeva franquia como também soube concluir a narrativa micro e macro muito bem. O roteiro co-escrito por Christopher McQuarrie e Erik Jendresen (Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1, de 2023) se estrutura como um encerramento de jornada. Tanto a jornada iniciada em seu filme antecessor, como a jornada desse personagem que marcou a carreira de Cruise (Top Gun: Maverick, de 2022) durante quase três décadas. Há um esforço louvável em amarrar cada ponta solta da franquia. Uma preocupação pouco convencional para esse tipo de narrativa, mas que entrega um resultado interessante e cheio de esmero.

Assim como essa preocupação com a narrativa, a direção de McQuarrie demonstra a mesma atenção aos rumos da direção desde o quinto longa da franquia. A parceria do cineasta com Cruise já existe há 17 anos, com 10 filmes, onde 4 deles são parte da história da produção de Missão: Impossível. O diretor assumiu essa cadeira na metade do que viria a ser a franquia completa, o que permitiu que McQuarrie desenhasse bem seus caminhos ao longo dos filmes, ao mesmo tempo que honrava elementos-chave e essência dos cineastas que o antecederam. No caso de Missão: Impossível – O Acerto Final, seu objetivo é claramente tentar entregar ao público um final épico a altura do projeto.

Como McQuarrie é diretor e co-roteirista da produção desde sua entrada nela, é possível perceber esse desenho de uma espécie de autoria – dentro do que a franquia permite. Missão: Impossível – O Acerto Final é um filme com identidade, mesmo que ele seja resultado de um pastiche de décadas e muitas mãos. Ainda assim, o trabalho de McQuarrie merece ser destacado por ter comandado metade de uma franquia de sucesso, enquanto, continuamente, aumentou o interesse dos fãs pela produção. A constante de sua presença resulta num desfecho que, apesar de ter questões, é interessante e amarra bem a franquia.

Missão: Impossível – O Acerto Final (2025)
Cena de ‘Missão: Impossível – O Acerto Final (2025)’

Apesar da qualidade e dos esforços feitos por McQuarrie e Jendresen, existem dois problemas principais em Missão: Impossível – O Acerto Final. O primeiro é o peso de ser um desfecho de uma produção com quase três décadas. As expectativas são altas, os comparativos são muitos e isso acaba interferindo inevitavelmente no resultado. O problema no oitavo longa é que, apesar de sua qualidade, a sensação que dá ao final da sessão é que este não é o melhor filme dentre os oito. Não acredito que isso estrague a experiência, mas o espectador vem de um antecessor que foi o ápice de qualidade da franquia de espionagem e seu encerramento parece mundano em comparação.

Outro fator que Missão: Impossível – O Acerto Final peca é a sua duração. Os quase 170 minutos de filme são cansativos e desnecessários. Não é porque é o encerramento de uma franquia que o longa precisa ser um dos maiores dela – ou, neste caso, o maior. E não é uma questão do tempo pelo tempo. O problema não é ser um filme com uma duração extensa, mas se ele vai ser capaz de, durante todo o seu tempo de tela, entreter, sem perder a atenção do público. E fica claro durante o filme os momentos de queda da narrativa, tornando a experiência um pouco mais arrastada e cansativa.

O oitavo longa, contudo, tem um mérito indiscutível que é essa capacidade de síntese da essência da franquia. Mesmo com alguns artifícios extra melodramáticos, até os exageros podem ser bem vindos para os fãs que cresceram assistindo aos filmes e aguardaram ansiosamente pelo encerramento da franquia. Missão: Impossível – O Acerto Final pode até não ser o melhor longa dentre os oito, mas ele é, sem sombra de dúvidas, um fechamento de ciclo à altura. A Paramount Pictures pode se orgulhar porque ela entregou uma produção que tem a essência do que sempre foi Missão: Impossível, mesclando o que veio antes com o novo. E, apesar de ser longo, vale a pena ir aos cinemas para ver, preferencialmente em IMAX, um desfecho épico para uma das melhores franquias de espionagem de Hollywood.

 

Direção: Christopher McQuarrie

Elenco: Tom Cruise, Hayley Atwell, Ving Rhames, Simon Pegg, Henry Czerny, Pom Klementieff, Greg Tarzan Davis, Rolf Saxon, Angela Bassett e Esai Morales

Assista ao trailer!