Crítica: Missão: Impossível – Nação Secreta

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Mão na massa: Tom Cruise continua dispensando dublês em cenas cruciais de Missão: Impossível

 

Missão: Impossível – Protocolo Fantasma mudou um pouco o destino e a trajetória da franquia Missão: Impossível nos cinemas. É certo que Missão: Impossível 3 de J.J. Abrams já trazia transformações importantes na série após a bagunça cometida por John Woo no problemático segundo filme protagonizado pelo agente Ethan Hunt, mas Protocolo Fantasma trouxe um formato, uma base na qual os diretores das possíveis sequência poderiam trabalhar de maneira concisa. Isto se confirma neste quinto filme da série cinematográfica Missão: Impossível – Nação Secreta. Antes de Protocolo Fantasma o que a gente tinha eram três filmes com frequências completamente diferentes em universos praticamente opostos, conectados apenas pelo fato comum de que eram protagonizados por Tom Cruise na pele de um personagem que modificava sua natureza conforma a música.  A impressão que tivemos em Protocolo Fantasma era que uma linguagem própria estava sendo traçada.

Missão: Impossível – Nação Secreta traz Tom Cruise novamente como o agente do Ethan Hunt. No longa ele descobre um grupo que está tentando destruir o IMF. O desafio do personagem neste quinto filme da franquia é encontrar uma forma de destruir esta poderosa organização que está tão equipada e tem habilidades tão especiais quanto as dele e de seus colegas. A missão de Ethan e daqueles que restaram da IMF é acabar com esta organização antes que todos sejam exterminados.

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Mocinha ou vilã: Rebecca Fergusson é o novo elemento da franquia com uma personagem misteriosa.

 

Missão: Impossível – Nação Secreta não é o melhor filme da série – nesse posto, ainda prefiro Protocolo Fantasma -, mas o filme mantém o espetáculo em alto nível oferecido pelo longa anterior. É claro que a ausência de Brad Bird na direção é sentida, já que Protocolo Fantasma tinha sacadas muito interessantes e originais, sobretudo para as cenas de ação. Christopher McQuarrie, que dirigiu Jack Reacher e tem sido a “menina dos olhos” de Cruise desde então já que o ator o chama para qualquer função em seus recentes filmes, não tem a mesma capacidade de tirar o fôlego do público e raros são os momentos em que vemos algo verdadeiramente revigorante para o gênero neste filme (a cena na ópera em Viena talvez). Ainda assim, McQuarrie é coerente com o que foi estabelecido no filme anterior da franquia e isso é muito bom para a longevidade da série cinematográfica e para a fidelidade e interesse do público nela.

Como sempre, Tom Cruise continua eficiente nesse tipo de personagem e Ethan Hunt é a origem de toda esta vocação do ator para o cinema de ação, portanto ele está em casa. Cruise continua com a interessante parceria com o ator britânico Simon Pegg, que na pele de Benji garante mais leveza e humor ao filme. A adição de Rebecca Ferguson como a misteriosa Ilsa Faust é muito bem-vinda, ainda que indique um certo machismo do cinema de ação em descartar com muita facilidade as personagens femininas de uma grande franquia, cadê Paula Patton que é tão fundamental para o grupo quanto Pegg, Ving Rhames e Jeremy Renner? Por sinal, Renner continua absolutamente descartável e nulo para a engrenagem de Missão: Impossível, ainda que aqui tenha lá a sua função. Como os vilões, Sean Harris e Simon McBurney, por sua vez, não deixam a desejar.

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Direção “certinha”: Christopher McQuarrie não demonstra o brilho de Brad Bird (Protocolo Fantasma) mas entrega um filme correto.

 

Não tão eletrizante quanto Missão: Impossível – Protocolo Fantasma, mas coerente com os termos estabelecidos por este, Missão: Impossível – Nação Secreta é um filme eficiente que serve bem aos seus propósitos sem desmerecer ou renegar o próprio gênero com um pretenso realismo ou seriedade que têm predominado no cinema de ação/espionagem nos últimos anos. Mesmo que McQuarrie seja um diretor que ainda não conseguiu dar fôlego ou vigor aos filmes que dirige, Missão: Impossível – Nação Secreta entrega o que propõe e o faz muito bem.