Elementos

Crítica: Elementos

3.8

Dizem que os opostos se atraem. Mas será mesmo que eles conseguem conviver em harmonia? Elementos nos coloca para refletir sobre diversas questões de relacionamento, seja ele amoroso ou familiar. É mais uma animação da Pixar que oferece tudo para as crianças, em termos de divertimento, cores e formas, mas tem um apelo ainda maior para os adultos que conseguem entender todas as mensagens.

Faísca é uma jovem espirituosa que vive no subúrbio da grande metrópole Elemento, que claramente foi criada e pensada para os demais elementos, deixando o fogo sempre de lado. Aliás, as pessoas ali, via de regra, têm preconceito com o fogo, já que ele é incompatível com a maioria. Desta forma, a protagonista cresceu escutando dos pais que elementos não se misturam e que o grande futuro dela seria assumir a loja de sucesso da família.

Tentando sempre dar o seu melhor para que seu pai tenha orgulho, Faísca acaba exagerando no estresse e causa um acidente em um dos dias mais importantes para a loja, a grande liquidação. Em meio ao caos, ela conhece Gota, um jovem água que cai por acidente no seu caminho e taxa a família por impostos atrasados. Na tentativa de resolver o problema sem que ninguém fique sabendo, a jovem se mete em várias circunstâncias que vão colocar toda a sua vida em xeque.

Do lado das relações familiares, temos uma garota que simplesmente não pensa por um minuto nas suas preferências e assume que aquilo que lhe foi imposto é a verdade. A sua imensa gratidão pelos esforços dos pais é confundida com uma devoção cega e ela acredita que precisa abdicar da vida em prol deles. Isso gera uma frustração velada, que “explode” como acessos de raiva e estresse, que ela simplesmente não entende por que não consegue controlar.

Elementos

Já do lado amoroso, é o desconhecido que oferece maior perigo. Ela sempre escutou que água e fogo não se misturam, mas como poderia agora gostar tanto da companhia de uma Gota D’Água? Isso é impossível, a seu ver. Eles são incompatíveis. Ou não? A dúvida de abrir o olhar para um novo horizonte faz com que Faísca siga o seu ímpeto de desbravar novas verdades, mesmo sem a complacência de seus pais. Aliás, eles surtariam com essa descoberta.

Faísca é mais dura, objetiva e determinada. Gota deixa as emoções fluírem, consegue ver vários ângulos de um mesmo problema e é mais ponderado. Um completa o outro, no final das contas. Ele rapidamente se apaixona pela luz da garota, como nós quando olhamos por muito tempo para uma chama e ficamos encantados. O seu deslumbramento está nos detalhes de cada cena. Já ela o vê como uma ameaça, alguém que precisa temer e manter afastado.

À medida que o filme evolui, um vai dando espaço para que o outro mostre suas qualidades e eles aprendam com isso. Novas dúvidas vão surgindo na mente de Faísca, que começa a finalmente questionar aquele futuro que foi planejado para ela por outras pessoas. Ainda assim, como ir de encontro ao pais, sendo que eles fizeram tudo por ela?

Elementos nos mostra como é possível honrar nossos pais sem que a gente precise se anular para isso. Mostra ainda como dois diferentes podem viver uma linda história, quando há intenção e determinação para que essa parceria funcione. A Pixar, novamente, nos coloca para viver emoções adultas com uma roupagem divertida, leve e infantil. O deslumbre, posso afirmar, não fica apenas para as crianças. Definitivamente, uma gracinha de filme que vale a pena conferir!

Direção: Peter Sohn

Elenco: Leah Lewis, Mamoudou Athie, Mason Wertheimer

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