29º Cine PE: Depois do fim

1.5

Narrativas tradicionais tendem a agradar mais o público. Ou, pelo menos, são um tanto seguras. Ainda mais se essa tradição for utilizada para contar histórias de amor. Depois do fim se vale disso, dessa linguagem clássica para falar de um casal de ex-namorados, que se reencontra por acaso.

A maior parte do curta-metragem, de Pedro Maciel, se passa dentro de um carro. E é aí que os problemas se iniciam. Talvez, para um olhar mais amador, o feito da produção pareça grande, porém há uma série de questões problemáticas na obra.

Existe no curta uma quantidade de planos repetidos, que criam uma previsibilidade sacal, que deixa a projeção exaustiva. A montagem também se complica quando não sabe utilizar os pontos de corte.

Há uma quebra rítmica e o curta acaba sendo monocórdico. Assim, o público se depara com cortes no lugar errado, em uma mesma locação, com planos quase idênticos. Para fomentar essa tonalidade enfadonha, o ator principal eleva a potencialidade da monocordia.

O Théo de Rafael Lozano não muda uma única intenção do texto. As suas falas parecem protocolares. Ainda que os diálogos não sejam escritos com a qualidade que o próprio argumento da obra tem, Lozano poderia tentar convocar algum colorido maior às suas falas.

Não há progressão ou transformação em sua personagem. Esse elemento fica ainda mais perceptível pela destreza de sua companheira de cena. Olívia Torres cria uma Ana cheia de camadas, o que deixa mais notável que Lozano não faz o mesmo.

Torres cria sentidos maiores e mais refinados quando mescla sorrisos, com tensão e/ou lágrimas. Além disso, a intérprete utiliza cuidadosamente seus movimentos. Como a produção se passa quase inteiramente dentro de um automóvel, Olívia mexe as mãos, a cabeça e os olhos com equilíbrio.

Essa estratégia de contenção faz com que cada gesticulação seja uma virada na trama ou uma marca de mudança de instalação no que se refere às emoções de seu papel. Mas, em termos de pontos qualitativos, apenas a atuação de Olívia se destaca positivamente.

De resto, o curta soa como um exercício cinematográfico mais do que cinema. A equipe parece tatear o que é o fazer o audiovisual e comete erros crassos, como continuidade, enquadramentos efetivos e montagem coesa.

Ainda assim, a produção pode agradar por ter um tema universal como o amor romântico e paixões juvenis. Este é um tipo de título que é facilmente esquecido ‘depois do fim’.

Direção: Pedro Maciel

Elenco: Rafael Lozano; Olívia Torres

29º Cine PE: Depois do fim
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