A Mulher no Jardim

Crítica: A Mulher no Jardim

Crítica: A Mulher no Jardim
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A Mulher no Jardim narra a história de Ramona, uma viúva mãe de dois filhos interpretada por Danielle Deadwyler. Vivendo em uma casa construída e planejada por ela e pelo falecido esposo, Ramona enfrenta séria dificuldade para dar continuidade nas coisas mais básicas da rotina doméstica dando sinais de ainda não ter superado o luto. Certo dia, Ramona e os filhos são surpreendidos pela aparição de uma misteriosa figura feminina trajando um vestido e um véu preto, sentada em uma cadeira no jardim fitando a janela da família. É nesse instante que Ramona e os filhos testemunham estranhos e perigosos fenômenos.

A Mulher no Jardim é dirigido por Jaume Collet-Serra, cineasta espanhol que acabou ganhando notoriedade no gênero terror com filmes como A Órfã e A Casa de Cera, mas que também conseguiu se adaptar a outros tipos de narrativa, sendo por isso bastante requisitado pelos estúdios. Apesar da notoriedade, o resultado do trabalho de Collet-Serra costuma ser oscilante e A Mulher no Jardim é representativo daquilo que por vezes não dá certo na direção que o realizador costuma empregar em suas narrativas.

O longa tem um ponto de partida promissor, mas parece andar em círculos com a sua premissa, não sabendo como progredir com os recursos minimalistas à disposição da sua história. A ação de A Mulher no Jardim é concentrada nas tensões entre a protagonista e seus filhos, poucos personagens, confinados em um espaço de proporções reduzidas, a casa da família.

O drama familiar presente no filme é dos menos inspirados. Ainda que conte com uma atriz do calibre de Danielle Deadwyler, nome promissor por desempenhos em longas como Till e Piano de Família, a história em torno do luto da personagem revela questões protocolares nesse tipo de trama. Como experiência estética, A Mulher no Jardim rende momentos mais exitosos, como toda a sequência que envolve a presença da mulher de preto através de sombras na casa da família da protagonista, revelando uma interessante referência do expressionismo alemão. Ainda assim, é um respiro de genialidade que custa aparecer no filme.

No terceiro ato, A Mulher no Jardim causa ainda uma péssima impressão por exibir uma certa confusão na forma como encerra sua história e revela alguns dos principais mistérios da trama, sobretudo o vínculo entre a protagonista Ramona e a mulher no jardim do título. O mais recente trabalho de Collet-Serra tem uma premissa interessante, bons atores e boas ideias visuais, mas o realizador parece não lidar muito bem com a junção de tantos indícios positivos, resultando em um filme que oras parece arrastado, oras encontra-se confuso sobre a própria história que tem em mãos.

Direção: Jaume Collet-Serra

Elenco: Danielle Deadwyler, Okwui Okpokwasili, Russell Hornsby

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