O Oscar 2020 está cada dia mais próximo. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, com todos os seus defeitos, é, indiscutivelmente, a maior premiação do cinema, o que faz sua chegada mexer ainda mais com o universo da sétima arte. Críticos, artistas, fãs de cinema e até as pessoas mais desconectadas com o universo param para questionar quem vai levar para casa cada uma das principais estatuetas. Por essa razão, a equipe do Coisa de Cinéfilo segue com suas apostas sobre essa aclamada cerimônia que acontecerá neste domingo (9).
Apesar de sua pompa, o Academy Awards guarda resquícios de imperdoáveis e contestáveis resultados. Anualmente existe uma categoria na qual o resultado gera um certo descontentamento entre público e crítica. Aqui vamos pensar sobre as atuações masculinas em papéis principais. E, com toda a incerteza do Oscar, questionaremos se, de fato, um ator como Joaquin Phoenix sairá invicto da temporada de premiações.
Apesar de Phoenix ser o favorito absoluto, é inevitável que algumas atuações sejam sentidas por não estarem na lista de indicados. Taron Egerton tem um desempenho primoroso interpretando Elton John em Rocketman. Seu nome apareceu em outros prêmios, mas a Academia o deixou de fora dessa disputa. Outro ator esnobado pelo Oscar foi o veterano Christian Bale. O ator britânico esteve na disputa na maior parte da temporada de premiações por seu papel no esquecível Ford vs. Ferrari. Mesmo com um filme questionável, Bale entrega um trabalho brilhante, digno de uma indicação no Academy Awards.
Por fim, Adam Sandler é um dos nomes de maior polêmico deste ano. O ator, conhecido por suas comédias besteirol, mostrou, mais uma vez, o seu poder cênico ao dar vida à personagem principal do longa-metragem Joias Brutas, dos irmãos Safdie. Sandler entrega uma performance completa e digna de atenção, a qual fez dele um dos indicados no Critics Choice Awards. Contudo, o estereótipo de ator de “filmes medíocres” segue Sandler e o priva de oportunidades de trabalho como essas. Este é um dos nomes que merecem futuras oportunidades e, quem sabe, as tendo, ele possa estar competindo e sendo homenageado por seu trabalho espetacular.
Agora, ao pensar o quadro de indicados, a lista do quinteto do Oscar 2020, na categoria “Melhor Ator”, é composta por Adam Driver, Jonathan Pryce, Antonio Banderas, Leonardo DiCaprio e Joaquin Phoenix. Ironicamente, dos cinco atores, apenas um deles já ganhou uma estatueta e, só três já haviam sido indicados no Oscar. Portanto, apesar das faltas, esse é um grupo interessante, onde todos os artistas tiveram desempenhos brilhantes em seus respectivos trabalhos.
Adam Driver, por exemplo, é um dos atores que já havia sido indicado no Academy Awards. Ele é um dos casos de Hollywood que tem um crescimento exponencial invejável. As interpretações e papéis de Driver só melhoram com o tempo. Em História de um Casamento, Driver brilha. Sua consistência cênica é impecável, assim como a construção de sua personagem. Apesar disso, ele é um dos que está mais longe da corrida pelo ouro cinematográfico.
Na frente do Kylo Ren de Star Wars está Jonathan Pryce. O ator, mesmo com sua longa carreira, foi indicado pela primeira vez neste ano. Sua interpretação do Papa Francisco lhe rendeu aclamações mundiais e merecidas. O domínio da cena mostrado por Pryce é simples, porém preciso. O seu olhar fala a cada segundo do filme. Suas nuances muito bem exploradas só ajudaram a elevar a qualidade de Dois Papas – em especial nas cenas onde as crenças de Francisco e Bento XVI entrem em atrito. Ao lado de seu parceiro de cena, Jonathan Pryce deu uma aula de simplicidade em frente às câmeras. Ele faz o público lembrar que você não precisa de muito para expressar um turbilhão de emoções. Ainda assim, Pryce também longe de ser um dos favoritos.
Na caminhada rumo a uma possível disputa – e reviravolta na dinâmica das premiações -, Antonio Banderas, se mostra mais forte e capaz de parear com DiCaprio e Phoenix. Em Dor e Glória, o ator espanhol supera qualquer trabalho anterior. O filme não seria nada sem a sensibilidade de Banderas. Ele consegue prender você desde o primeiro instante. Até por ser um filme esteticamente diferente do que se espera de Pedro Almodóvar, os olhares se volta de forma mais minuciosa para o desempenho cirúrgico de Antonio. A palavra que define sua performance nessa produção é maturidade. Existe uma aura que paira sobre essa personagem que só o tempo, talento e dedicação podem proporcionar. O espanhol mostrou,mais uma vez, a razão que faz Almodóvar fazer dele o seu ator-parceiro. Banderas é impecável e capaz de criar o que for.
Na disputa final temos um embate de gigantes e velhos conhecidos do público, de Hollywood e do Oscar. Dicaprio e Phoenix estão no topo dessa disputa por seus desempenhos singularmente belos. O astro hollywoodiano Leonardo DiCaprio tem uma longa trajetória tanto no cinema como no Academy Awards. Com uma vitória, ele chegou a sua sexta indicação pelo seu papel de Rick Dalton em Era uma Vez em… Hollywood. DiCaprio construiu um dos personagens mais completos de sua carreira. Sua performance no nono filme de Quentin Tarantino é uma dádiva para os amantes do cinema e uma inspiração para seus colegas de profissão.
O texto ajudou absurdamente o ator a criar e estampar toda a emoção e o envolvimento necessário que a trama requisitava. Mas Leonardo foi além. Ele usa a metalinguagem, contida no subtexto de Rick Dalton, para inspirar. É bonito de ver DiCaprio dando vida as crises de profissionais e de meia idade de um ator consagrado de Hollywood. Essa brincadeira proporcionada pelo roteiro deu vida a uma das cenas mais sensíveis de Tarantino que marcam qualquer pessoa que assiste ao filme. E mesmo com DiCaprio não sendo o favorito para levar a estatueta para casa, seu desempenho merece ser louvado.
Agora chegamos a estrela dessa lista. Joaquin Phoenix é um ator de muita sensibilidade e poderio cênico. Desde seus primeiros trabalhos, ele sempre mostrou a sua capacidade de ir além. E o que Phoenix faz em Coringa é exatamente isso, ir ainda mais além. Ele transcende qualquer barreira do público, do filme e até mesmo do personagem e apresentou uma das performances mais lindas do cinema nos últimos anos. Um detalhe importante é o estigma que seu papel carrega desde o início. Ter a missão de interpretar uma das personagens mais famosas e aclamadas de um universo é uma tarefa difícil. Quando isso é alinhado à comparação imediata com o desempenho de um colega, as coisas se intensificam.
Heath Ledger deu vida ao Coringa em 2008. Sua brilhante atuação lhe rendeu um Oscar póstumo e uma marca na história da DC e do cinema. O trabalho de Phoenix não consistia em apenas criar a sua versão da personagem, mas mostrar que ele conseguia colocar a sua marca nessa persona tão cheia de estigmas e fazer um filme solo da personagem valer a pena. E o resultado disso é uma das experiências cinematográficas mais marcantes. Ter o privilégio de assistir Joaquin brincar com uma complexidade de estados mentais, tipos de características e emoções é único. Ele faz qualquer defeito no filme sumir porque sua atuação é o que resta na memória do público. A ininterrupta imagem de uma performance colossal.
Apesar da esmagadora possibilidade de vitória, a corrida pela estatueta Melhor Ator nunca está 100% garantida. A imprevisibilidade do Oscar é algo instigante e provocador. O que resta é esperar para ver quais surpresas a noite de 9 de fevereiro guarda. Vejamos se Phoenix sairá invicto desta temporada de premiações ou se outro colega levará o prêmio para casa. Para saber dessas e mais apostas para o Oscar, fique ligado no Coisa de Cinéfilo!