Com estreia prevista para esta quinta-feira (30), o filme Judy – Muito Além do Arco-Íris mostra passagens específicas da trajetória da artista Judy Garland. O principal destaque da história são os últimos meses de sua vida, quando a mesma estava em turnê no Reino Unido. Porém, flashbacks de sua infância e de sua vivência nos sets de filmagem da MGM são trazidos de vez em quando.
Estrelado por Renée Zellweger (Cold Moutain) e dirigido por Rupert Goold (A História Verdadeira), o longa tem a dupla como ponto alto da produção. Zellweger quase desaparece na personagem, deixando a sensação de que quem está em cena é a própria Garland, mas, ainda assim, não há uma representação ou mimese aqui. Claramente, é a Judy da Renée. Até alguns trejeitos da intérprete surgem em alguns instantes, levemente. A direção de Goold é cuidadosa e sensível, conseguindo transmitir o que eles gostariam de passar que a protagonista estava sentindo em cada cena, principalmente nas sequências dos shows.
A personagem principal, vivida por Renéé, foi uma atriz extremamente importante para o cinema hollywoodiano, não apenas na parte rentável, como no legado artístico que a própria deixou. Atuando, cantando e dançando em musicais ou performando caracterizações em dramas “oscarizados”, Garland marcou a história do audiovisual e, pensando nisso, o Coisa de Cinéfilo reuniu as suas produções essenciais.
Confira o Especial: A Filmografia de Judy Garland!
5 – Desfile de Páscoa (1948):
No final da década de 1940, a MGM reúne Judy Garland e Fred Astaire (Vamos Dançar?) em um musical cheio de cores, canções animadas e figurinos pomposos. As coreografias de Astaire e Charles Walters (Lili) são complexas e envolvem, em sua maioria, um grande número de pessoas. Mas, são nas danças mais íntimas, por assim dizer, que envolvem Judy e Fred, que o filme cresce. Ambos atores possuem em suas interpretações um jeito um tanto sapeca e descontraído. A dinâmica da dupla funciona bastante neste sentido da sintonia e a química cresce bastante por eles possuírem uma vibração semelhante.
4 – Julgamento em Nuremberg (1961):
Todas as características clássicas da atuação Judy Garland somem neste filme de Stanley Kramer (Adivinhe Quem Veio Para Jantar). Judy imprimia uma graça e leveza em seus musicais. Aqui, a sua Irene Hoffman é contida, porém desesperada. O seu trabalho de corpo é notável. A intérprete parece desejar passar todo o peso, lamento e ansiedade em sua postura tesa e voz quase esganiçada. A sua atuação lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor atriz coadjuvante, em 1962.
3 – Nasce uma Estrela (1954):
Muito antes do “Shallow Now”, Hollywood realizou três versões de Nasce uma Estrela. O primeiro filme a ser um musical foi o estrelado por Judy Garland e ainda em Technicolor e tudo! Além de conseguir passar emoções que a personagem sentia através das canções, Garland demonstra versatilidade e progressão em sua construção. É possível notar como sua Vicki Lester vai amadurecendo e sentindo o impacto tanto da sua fama, quanto da queda de seu marido.
2 – Agora Seremos Felizes (1944):
Dirigida por Vincent Minnelli (Gigi), Judy Garland performa aqui um de seus papéis mais icônicos. O tom que a atriz coloca para a Esther Smith é a sua marca registrada. Vibrante, numa mescla entre timidez e leveza, com sarcasmo e brincadeira, ela equilibra juventude e melancolia, fazendo com que um musical um tanto frívolo tenha mais personalidade e força, desde o início da projeção. Depois, Garland faz uma transição de idade de Esther e coloca em sua atuação não apenas certos traços de conformidade da idade, como a serenidade e a decepção. Contudo, ela não perde o ar meio taciturno, meio alegre que escolheu imprimir no papel. No longa, também tem Judy cantando clássicos como “Trolley Song” e “Have Yourself a Merry Little Christmas”.
1 – O Mágico de Oz (1939):
“There is no place like home!!!” O primeiro filme da lista, não poderia faltar no Especial: A Filmografia de Judy Garland, justamente porque foi a produção que, definitiva e efetivamente, colocou Judy Garland no mapa. A sua Dorthy virou um símbolo do cinema estadunidense e representa uma das personalidades que os estúdios da época queriam: o da garota da casa ao lado. A mistura de suavidade e coragem é o traço mais forte da construção feita por Garland.
No auge dos seus 17 anos, o resultado de seu trabalho parece mais intuitivo do que planejado. Ainda assim, a interpretação de Judy é repleta de camadas e, talvez, vá além do que a MGM conseguia enxergar em 1939. A intérprete possuía uma força que transbordava a tela, deixando ela ser maior do que uma menina obediente, que a sociedade parece aceitar com bastante tranquilidade. Aqui também foi onde ela cantou, pela primeira vez, a clássica canção “Somewhere Over the Rainbow”.