Na continuação de Sorria, o cineasta Parker Finn retorna à função de diretor e roteirista contando a história da cantora pop Skye Riley, a nova personagem amaldiçoada pela entidade que fez da vida da psiquiatra Rose Cotter um inferno. Skye é mais um elo da corrente formada por uma sucessão de mortes assistidas por personagens que têm alucinações com pessoas encarando-as bizarramente com um grande sorriso no rosto.
Sorria 2 é bem mais robusto do que o primeiro longa da nova franquia de horror. Já estabelecida as bases desse universo, Parker Finn quer extrapolar alguns limites e explorar temáticas mais ambiciosas. Há na continuação uma proposta temática bastante clara. Com a história da diva pop Skye Riley, interpretada por Naomi Scott (a princesa Jasmine do live action de Aladdin), Finn constrói uma eficiente representação da paranoia que o universo da fama pode causar na vida de uma celebridade e o triste destino que este tormento psicológico potencialmente concretiza.
Distorções sobre a própria imagem, desconfiança de pessoas próximas e adições fazem parte de uma série de distúrbios adquiridos pela protagonista de Sorria 2. Skye é uma jovem mobilizada pelas pressões de ser vista e demandada por todos através de lentes que a registram o tempo todo. A maldição do “sorriso” surge como uma alegoria para Parker Finn conduzir a temática das neuroses da fama injetando uma dose fantástica em uma vivência que, na prática, parece próxima do horror. Nesse sentido, Sorria 2 é fruto de uma construção bem mais sofisticada que o primeiro longa. Flertando, em alguns momentos, até com o fenômeno cultural de 2024 A Substância.
Como no filme de 2022, Finn sabe oferecer ao gênero aquilo que ele demanda. O diretor sustenta com habilidade o suspense de suas sequências ao mesmo tempo que oferece um horror gráfico inventivo quando as coisas precisam ser reveladas. Parker Finn também conta com uma ótima atuação de Naomi Scott. A atriz sustenta muito bem todas as demandas físicas e emocionais que o papel exige. Estando presente durante a maior parte da projeção, era fundamental que Finn fizesse mais um acerto com a protagonista desta sequência (sucessora de Sosie Bacon, a psiquiatra do primeiro filme) e Scott faz um trabalho muito consistente como Skye, levando a personagem com muita credibilidade em todas as suas reações ao horror externo.
Conforme o longa chega ao seu desfecho, a narrativa de Sorria 2 se perde um pouco em meio a twists que desgastam a experiência, é verdade. No entanto, é exemplar como o segundo filme leva uma série cinematográfica de grande apelo comercial a lugares extremamente ambiciosos no âmbito da realização artística e da proposição de temas que “conversam” com a realidade.
Direção: Parker Finn
Elenco: Naomi Scott, Rosemarie DeWitt, Lukas Gage
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