Crítica: O Sol Também É Uma Estrela

Vamos lá para mais um filme de temática adolescente que trata do amor e da perda de maneira muito genérica? O Sol Também É Uma Estrela é um longa baseado no livro homônimo de Nicola Yoon, a mesma escritora de Tudo e Todas As Coisas, que também virou filme (confira a nossa crítica clicando aqui). Este último também não era grande coisa.

Natasha (Yara Shahidi) é uma jovem prática e objetiva que está prestes a ser deportada dos EUA. Ela e sua família devem retornar à Jamaica, depois de nove anos morando em solo americano. Determinada a resolver a situação e continuar morando no lugar que considera lar, ela vai em busca de um advogado especialista, como um sopro de esperança. Ela tem pouco mais de 24h para resolver tudo e tentar ficar no país. No meio do caminho, Tasha conhece Daniel (Charles Melton), um jovem filho de coreano que cruza seu caminho de forma inesperada.

Tudo isso dito acima é apenas um plano de fundo para uma rasa história de amor. Primeiramente, a personagem principal vivida por Yara Shahidi (Black-ish) não estabelece raízes verdadeiras em Nova York. Por mais que seu discurso seja esse, a trama não mostra amigos, nem sua escola e quase não define o lugar onde mora. Fica difícil para o espectador acreditar na sua luta, uma vez que ela não tem vínculo algum com o ambiente e sua família vai junto com ela para a Jamaica.

Dito isso, já não compramos a ideia de cara. Parece muito mais uma menina birrenta que não aceita mudanças. Paralelo a isso, a inserção do personagem de Charles Melton (Riverdale) é tão aleatória quanto poderia ser. Além da péssima atuação do rapaz, seu personagem é pouco carismático e tem uma personalidade muito volúvel. Se apaixona à primeira vista por uma jovem que vê a metros de distância em uma estação de trem e resolve “perseguir” ela para conseguir trocar algumas palavras.

Tudo isso bate de encontro com a ideia do filme de ficar enaltecendo o destino, uma vez que o próprio casal principal tem um destino fabricado por uma das partes. Todas as cenas são permeadas com diálogos sofríveis e pobres, sem amparo emocional algum. Parece que pegaram um grande compilado de frases motivacionais da internet e jogaram no roteiro, torcendo para que fizesse algum sentido. Isso se torna ainda pior quando vemos que o protagonista masculino anda com um caderninho de poemas na mão. A clara necessidade de torná-lo um príncipe à moda antiga é triste.

A tentativa de colocar personagens que representem as minorias é válido. Ela é negra e imigrante. Ele é descendente de coreano e vindo de uma família super preconceituosa. Família essa que conta com a presença desnecessária e clichê de um irmão revoltado. Ele personifica um dos piores personagens da trama. Ainda assim, essa representatividade é colocada de lado quando Natasha aceita e dá risada de cenas absurdas de preconceito racial, só porque é proveniente da família de seu amado.

Vale ressaltar que esse amado foi o rapaz que ela conheceu há menos de 2 horas e já está andando para cima e para baixo pela cidade, como se fossem grandes conhecidos. A construção do romance principal é mal feita e deixa o espectador indignado com a chatice do casal.

O Sol Também É Uma Estrela é um filme de baixa qualidade, com péssimas atuações e completamente entediante. Aguardamos ansiosamente por uma reviravolta emocionante na trama, que nunca acontece. Nem a presença do ótimo John Leguizamo (De Volta ao Jogo) serve como alívio nesta produção difícil da diretora Ry Russo-Young.

Direção: Ry Russo-Young
Elenco: Yara Shahidi, Charles Melton, John Leguizamo

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