Não Fale o Mal

Crítica: Não Fale o Mal

3.4

Filmes que fazem a gente ter a certeza de que as coisas vão dar errado são um clássico do suspense. E é justamente por essa linha que Não Fale o Mal caminha. O longa é a versão americana do dinamarquês homônimo lançado em 2022 e conta a história de uma família que viajava pela Itália e acaba conhecendo um outro casal e se tornando amigos. Posteriormente eles resolvem passar um fim de semana na fazenda dos novos amigos, mas as coisas acabam ficando bem estranhas.

Quem assiste ao trailer já acaba recebendo muita informação do que vai acontecer, o que pode ser algo ruim ou bom em Não Fale o Mal. Isso porque a tensão se cria desde o primeiro momento, já que sabemos que as coisas vão sair bem erradas ali na frente. Mas em que momento e sob qual circunstância? Esse é que é o grande mistério. Mackenzie Davis (Alguém Avisa?) e Scoot McNairy (Blonde) protagonizam um casal bem comum e sem sex appel que está com a filha passando férias. Eles são claramente triviais e sem grandes novidades.

No meio do caminho eles se deparam com James McAvoy (Fragmentado) e Aisling Franciosi (Imperdoável), cheio de energia sexual, bonitos, amantes e eufóricos. Ainda que eles estejam com um filho, eles claramente estão cheio de empolgação e paixão latente. Algo que, claro, desperta curiosidade da outra parte. Quando se tornam amigos, parte da relação vai pela inveja e admiração que eles acabam desenvolvendo.

Essa vibe atraente, no entanto, não deixa Louise (Mackenzie) 100% confortável, ficando sempre com uma pulga atrás da orelha. Ela é a primeira a não querer ir para a fazenda quando o convite acontece, mas o marido insiste o suficiente para que ela acabe cedendo. As circunstâncias parecem muito normais naquele ponto, então não há muito espaço para desconfianças. Somente aquele ar de estranheza que paira no ar, mas até aí pode ser apenas antipatia por parte da protagonista.

Não Fale o Mal

As coisas começam a ficar estranhas quando o casal chega na fazenda com a filha e é recepcionada pelo outro trio. O comportamento deles muda aos poucos, os hábitos são bem estranhos e eles se sentem pouco à vontade. A personalidade vai ficando mais aflorada, já que é mais difícil esconder quem você realmente é quando está enfurnado numa casa um fim de semana. Enquanto isso, o garotinho deles não fala porque tem uma deficiência de nascença que fez com que a sua língua não crescesse.

Tudo muito normal e estranho ao mesmo tempo? O que sustenta a energia de suspense de Não Fale o Mal é justamente essa promessa de que algo errado está na cara, ainda que escondido. A qualquer momento algo de macabro vai acontecer, só não sabemos o quê. E não dá para dizer que James McAvoy não tem uma aparência sinistra quando precisa. Ele consegue fazer o perfeito papel do psicopata e já tivemos isso comprovado em Fragmentado. Aqui é apenas mais uma versão disso.

O espectador fica fissurado do começo ao fim do filme, mas o longa peca um pouco no timing. Isso porque o mistério se sustenta por muito tempo e a ação acaba ficando compactada demais. Acredito que o tempo poderia ser melhor trabalhado neste sentido, para garantir um desenvolvimento melhor da loucura dos dois antagonistas. Ainda assim, Não Fale o Mal consegue cumprir muito bem a promessa de um bom suspense com toque de loucura, que nos faz refletir sobre o quanto ignoramos o nosso sexto sentido o tempo inteiro.

Direção: James Watkins

Elenco: James McAvoy, Mackenzie Davis, Aisling Franciosi, Alix West Lefler, Dan Hough, Scoot McNairy, Kris Hitchen

Assista ao trailer!