Maria Callas (2024)
Angelina Jolie em cena de 'Maria Callas' (2024)

Crítica: Maria Callas

Crítica: Maria Callas
3.5

A temporada de premiações está aí e, com ela, os lançamentos dos possíveis filmes que podem chegar ao Oscar com alguma indicação. Dentre as estreias da semana, Maria Callas, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (16), está entre os longas-metragens que fazem campanha por algumas vagas na maior premiação do cinema mundial. A produção, que conta os últimos dias de vida do ícone da ópera, desponta como um possível indicado em categorias técnicas referentes ao departamento de arte no Academy Awards, mas o foco principal de campanha do filme é a atuação de Angelina Jolie (Aqueles que me Desejam a Morte e Eternos, ambos de 2021).

Maria Callas é o terceiro longa do diretor Pablo Larraín (Jackie, de 2016, e Spencer, de 2021) que foca seus esforços em recriar momentos cruciais da vida de figuras femininas reais. A diferença neste projeto é que o roteirista Steven Knight (Serenidade, de 2019 e Spencer) utiliza da fantasia e de flashbacks constantes para preencher as vivências de Callas, emaranhando a sua vida e morte em números musicais. Essa escolha traz uma estética visual e narrativa de fantasia para o filme, permitindo que sua história vá além de uma simples narração de últimos dias de vida.

Seja a partir dos devaneios pelos remédios ou através de suas memórias afetivas e dolorosas de vida, a personagem de Angelina teve muito o que viver em seus momentos finais. E essa miscelânia de vivências reais e ficcionais permitiram que Maria Callas fosse um projeto um pouco diferente de Larraín. Apesar disso, existe uma estrutura de condução muito clara desse tipo de filme para o diretor. Se o espectador já assistiu Jackie ou Spencer, é possível de imaginar certas escolhas ou encaminhamentos que serão tomados no trabalho do cineasta chileno visto em tela.

Atrelado ainda a ideia de fantasia presente no filme por meio dessas digressões e dos devaneios de Maria, o longa ganha muito nos departamentos de arte e fotografia. Talvez os pontos mais altos de Maria Callas sejam justamente os resultados dos dois departamentos. A arte brilha na composição de sets de época, no figurino e como ele conta a história da personagem-título, tal qual o cabelo e maquiagem finalizam essa composição visual com maestria.

Maria Callas (2024)
Angelina Jolie em cena de ‘Maria Callas’ (2024)

Da mesma forma, o departamento de fotografia de Maria Callas, comandado por Edward Lachman (O Conde, de 2023), mergulha nas possibilidades narrativas mediadas pelo fantasia e memória da personagem de Angelina. A composição estética visual do filme se complementa com essa tríade entre os dois departamentos e a força motriz do roteiro que é a fantasia e as memórias de Callas. Com isso, o espectador tem um espetáculo visual mais interessante dentre as três biografias femininas da carreira de Pablo Larraín.

Auxiliando o diretor a apontar a direção do barco da produção, Angelina Jolie vem como uma força em cena. Talvez um de seus melhores trabalhos dramáticos da carreira, Maria Callas permite que a atriz ande em outros tons e camadas de desenvolvimento que talvez não tenha tido a oportunidade – ou ao menos uma boa oportunidade – de desenvolver. O resultado de sua performance no longa merece elogios e louros, no entanto, ela se fragiliza nas cenas onde o enfoque em números musicais são maiores. A dublagem da atriz, por vezes, quebra a vivência do público por soar como uma nítida dublagem.

Com algumas poucas indicações na temporada de prêmios, Maria Callas tem como foco da campanha a indicação de Jolie ao Oscar e, talvez, menções nas categorias dos departamentos de arte e fotografia. Se as chances de indicação ao prêmio de Melhor Atriz já são pequenas por conta do ano disputadíssimo, as de vitória se tornam ainda melhores. Suas chances maiores de indicações e até mesmo possíveis vitórias se concentram nos departamentos de visualidades do longa. No entanto, as expectativas são baixas para o filme despontar como favorito ao Oscar.

Direção: Pablo Larraín

Elenco: Angelina Jolie, Pierfrancesco Favino, Alba Rohrwacher, Haluk Bilginer e Kodi Smit-McPhee

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