John Wick 4: Baba Yaga

Crítica: John Wick 4: Baba Yaga

2.7

John Wick 4: Baba Yaga finalmente chega aos cinemas para dar um desfecho na sangrenta história de seu protagonista, que lá atrás jurou vingança por causa de seu cachorro assassinado. Brincadeiras de roteiro à parte, esta é uma franquia que eu gosto muito pois se propõe à ação simplesmente pela ação, sem querer criar histórias mirabolantes por trás. Ou, pelo menos, era como costumava ser.

Desde o terceiro episódio (John Wick 3: Parabellum), lançado em 2019, que a qualidade não é mais a mesma. Perderam completamente o propósito de ser apenas um assassino sofrido e cansado, querendo viver o luto de sua esposa. Quando começa a colocar estrangeiros de diferentes países querendo matar o mesmo cara, pode ter certeza que largaram a mão dos roteiristas.

No entanto, trata-se não apenas de John Wick (que eu adoro), como de Keanu Reeves (Com Quem Será?), um dos atores mais queridos dos cinemas, que particularmente sou fã há muito anos. Então, claro que estaria na maior expectativa, na primeira fila. Que pena que a recíproca não foi verdadeira. Definitivamente deveriam ter parado lá atrás, no segundo filme.

Em John Wick 4: Baba Yaga, o protagonista foge do High Table, depois de ter infringido suas regras, tornando ele um dos itens mais caros das listas de contratação dos assassinos, já que sua cabeça está valendo milhões. Enquanto ele resolve como agir diante disso, o famoso hotel Continental é fechado por ordem de um superior e explodido, deixando Winston (Hellboy) completamente desolado. O crime, claro, foi ter ajudado John Wick.

Quando os chefões da organização criminosa finalmente decidem exterminar Wick, colocando um preço altíssimo por sua cabeça, John precisa se unir aos amigos para conseguir garantir a sua saída desta vida e finalmente poder viver a sua reclusão. Mas é óbvio que isso não será simples.

O problema deste filme é que ele perdeu completamente o respeito por qualquer nível de veracidade nas informações. E entenda: eu adoro filme mentiroso. Mas tudo depende da forma como é feito e o limite que é dado. O roteiro aqui simplesmente coloca John como imortal, infligindo quedas bizarras em que ele bate a cabeça, enverga a coluna e sai andando. Ou quando ele é atropelado mais de 5 vezes na sequência, do corpo dar cambalhota, e ele também sai andando. Então, assim: faltou um limite absurdo neste sentido, o que acaba pesando para o espectador.

John Wick 4: Baba Yaga

Outro detalhe é que eles encheram o filme de lutas completamente sem sentido que não acrescentam em nada à trama. Para poupar Keanu, eles deram essa função para outros personagens. Mas, sinceramente, ninguém assiste a esse filme para ver outras pessoas lutando. O nosso objetivo ali é ver Wick matando 50 cabeças em uma única sequência. Quando isso começa a acontecer de fato, já é lá pra metade do filme e o espectador está um pouco cansado.

Ah, e as lutas, especialmente as iniciais, não foram das mais bem coreografadas. Temos umas tomadas de cenas em que claramente o figurante espera para receber um murro. Essa qualidade de filme e elenco não deveria combinar com esse tipo de atuação.

Mas enfim chegamos na parte em que Wick tem o seu momento e ele brilha! A sequência da luta final – que dura um bom tempo – é eletrizante, nos deixando na ponta da cadeira. É bem feita, divertida, cheia de violência (entendam que é para isso que o filme se propõe), momentos rápidos de comédia com Keanu 100% sério e uma finalização assertiva. Tomada de câmera, escolha de cenário, elenco. Tudo bem alinhado com o que de fato é o personagem.

A sensação que temos é que foi um filme com dois diretores e dois roteiristas, enquanto o primeiro que nos enfia goela abaixo uns personagens aleatórios e brigas mal feitas, enquanto o segundo é um grande conhecedor do protagonista.

Ah, um detalhe importante é que o vilão aqui é interpretado por ninguém menos que Bill Skarsgård (It – Capítulo 2), o nosso querido palhaço It, o Pennywise. Definitivamente uma boa escolha da antagonista, já que o ator, calado e sem esboçar qualquer reação, já é super expressivo e com cara de psicopata. Então, casou perfeitamente com a situação.

Sendo assim, John Wick 4: Baba Yaga é aquele tipo de filme que frustra os espectadores por um bom tempo, mas que finaliza de uma maneira correta, nos fazendo ter a falsa sensação de que o longa é melhor do que ele é, de fato. E precisamos aqui implorar uma coisa importante: parem de fazer filmes de ação com quase 3h de duração! Quase nenhum roteiro do gênero tem conseguido sustentar esse tempo e só faz cansar o espectador.

Direção: Chad Stahelski

Elenco: Keanu Reeves, Donnie Yen, Bill Skarsgård, Laurence Fishburne, Hiroyuki Sanada, Shamier Anderson, Lance Reddick, Rina Sawayama, Ian McShane

Assista ao trailer!