Aves de Rapina - Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa

Crítica: Aves de Rapina – Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa

Fale o que quiser de Esquadrão Suicida, afinal o filme de David Ayer fez por merecer a péssima fama. O que não pode ser dito é que Margot Robbie (O Escândalo) não tenha saído ilesa do desastre de opinião pública que foi esse projeto de 2016 da DC Comics em parceria com a Warner. Com a célebre personagem dos quadrinhos, a atriz australiana fez um brilhante trabalho de composição, captando o espírito da Arlequina e contornando com carisma os percalços de um roteiro e uma direção problemáticos. É o tipo de trabalho que destoava de toda a obra e que merecia um ótimo carro-chefe para selar em definitivo a criação da atriz. Aves de Rapina – Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa é esse projeto.

Dirigido por Cathy Yan, realizadora americana de descendência chinesa que ganhou notoriedade em 2018 por um filme chamado Dead Pigs, Aves de Rapina – Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa reúne Arlequina com mais quatro personagens da DC Comics: Canário Negro, Caçadora, a detetive Renee Montoya e Cassandra Cain. As três acabam sendo reunidas por obra do acaso e enfrentam o perigoso Máscara Negra, um chefão do crime de Gotham.

Adotando ocasionalmente em sua abordagem narrativa as tonalidades do universo de Arlequina, Aves de Rapina – Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa é um longa de ação que oferece em dosagens equilibradas elementos que a maioria dos filmes do seu nicho proporcionam. Cathy Yan tem um ótimo senso de ação na concepção das duas cenas de luta e há muito humor no projeto – mas, graças a Deus, nada que nos lembre aquela abordagem espertinha e autoconsciente da maioria desses filmes, portanto, não espere piadas sobre o fiasco público de Esquadrão Suicida.

Aves de Rapina - Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa

O grande acerto do seu projeto entretanto é seu roteiro enxuto e que consegue construir um arco satisfatório para Arlequina, levando-a para lugares diversos daqueles que ocupou em Esquadrão Suicida, e ainda nos apresentar as demais personagens, todas muito bem construídas. A desobediência do roteiro de Christina Hodson a chavões sobre os três atos de uma narrativa é muito bem-vinda, com a inserção de diversos flashbacks que, no lugar de atrapalhar o andamento da história, a tornam ainda mais interessante e dinâmica.

O pecado de Aves de Rapina – Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa talvez tenha sido não “abraçar” escancaradamente a piração que é a cabeça da sua protagonista, mas naquilo que se pretende e como veículo para a criação de Margot Robbie o filme é um acerto de grandes proporções. É difícil para o público esquecer a péssima impressão deixada pelo DC Universe desde 2016, sobretudo em tempos onde cada erro é martelado um zilhão de vezes na rede com um cem número de memes, mas acho que em 2020, com títulos que passam longe do desastre como Aquaman, Shazam!, Coringa e agora Aves de Rapina já dá para perdoar a Warner por seus pecados e deixá-la seguir com seus próximos filmes da DC Comics.

Direção: Cathy Yan
Elenco: Margot Robbie, Ewan McGregor, Rosie Perez, Mary Elizabeth Winstead, Ella Jay Basco, Jurnee Smollett-Bell, Chris Messina, Ali Wong, David Ury

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