Crítica: Amor por Direito

A questão de igualdade de gêneros é sempre debatida no cinema, mas talvez não sob o viés que esse longa traz. Trabalhando sob outra perspectiva, Amor por Direito integra uma história forte e verdadeira de uma mulher que batalhou pelo amor e pela possibilidade de deixar um legado para sua família e para o mundo.

A história é centrada em Julianne Moore, que interpreta Laurel, uma policial extremamente competente que é respeitada pela corporação. Por trás disso, ela é homossexual, mas prefere não expor sua vida amorosa com medo de enfrentar preconceitos e represália por parte de seus colegas de trabalho. Um dia ela conhece Stacie, vivida por Ellen Page, uma mulher bem mais jovem do que ela que se interessa de cara. As duas começam então um relacionamento amoroso profundo e duradouro. Em dado momento, Laurel descobre que está com câncer terminal nos pulmões. A primeira preocupação dela, por incrível que pareça, é a pensão que Stacie poderá receber para manter a casa que elas compraram. Ela envia o pedido para a corte, que nega, alegando que elas não representam uma família.

Diante de um cenário extremamente preconceituoso do interior dos Estados Unidos, as duas travam duas batalhas importantes. Enquanto elas lutam pelo tratamento de Laurel, correm ainda atrás do direito de Stacie de receber a pensão pós morte. No meio do caminho, além de encontrar muitas dificuldades, elas topam com pessoas que estão dispostas à ajudá-las.

Uma das coisas mais interessantes é forma como o relacionamento das duas é construído. É tudo feito de uma forma muito natural, romântica e fofa. O espectador realmente se derrete pelas duas e torce para que um milagres surja do nada e salve Laurel da morte. Fica muito claro todo o tempo que a luta das duas é pelo amor e pela possibilidade de perpetuar esse sentimento. Elas querem manter a memória do relacionamento viva, mesmo depois do fim trágico que as aguarda.

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Além disso, outro fator bem trabalhado é o preconceito que surge de diversa formas ao longo da narrativa. Tem aquele tipo mais óbvio e violento, mas tem aquele preconceito silencioso e despercebido, aquele olhar de lado que quem dá normalmente nem percebe. O diretor Peter Sollett conseguiu dosar isso de forma incrível.

Claro que precisamos falar do elenco, que é nada menos do que fantástico. A parceria entre Julianne Moore e Ellen Page é simplesmente maravilhosa e rendeu uma química surreal. Vale ressaltar que Page é assumidamente homossexual e é perceptível a importância da narrativa para ela. Além da dupla principal, temos Steve Carell, um pouco caricato, mas ainda assim apresentando um trabalho certeiro, Michael Shannon, nosso General Zod de Superman sendo a representação da dualidade, assim como Josh Charles, que pode ser lembrado na série The Good Wife.

Mesmo com algumas tomadas mais sonolentas e talvez um pouco monótonas, o filme consegue entreter o espectador, que torce o tempo todo pelo final razoavelmente feliz que é esperado. Além disso, gera uma discussão dentro de quem assiste, mostrando a dificuldade que os casais do mesmo sexo enfrentam para ter uma relação mais justa e igual aos demais.