A experiência de um filme começa muito antes da sessão de cinema. O pôster, o trailer e até a sinopse são indicativos que orientam o espectador sobre o que ele pode esperar daquele longa. Tendo isso em mente, A Grande Mentira acaba fazendo jus ao próprio nome ao desvirtuar completamente daquilo que foi proposto.
Roy (Ian McKellen, O Senhor dos Anéis) é um picareta que vive de aplicar golpes em investidores inexperientes. Ele cruza o caminho de Betty (Helen Mirren, Decisão de Risco) através de um site de relacionamentos para idosos e logo percebe que ela tem dinheiro de sobra. Roy decide roubar a fortuna de Betty, que até então só queria encontrar uma boa companhia.
A trama parece simples no início, com um clássico roteiro de trapaças e reviravoltas esperadas. O que seria excelente com estes dois protagonistas maravilhosos dando um show de atuação. No entanto, o que assistimos é um enredo completamente confuso e perdido nos objetivos. É como se nós assistíssemos a dois filmes dentre de um.
Enquanto o ápice esperado seria Betty ser a verdadeira trapaceira e dar o golpe em Roy, o filme vai nos apresentando mais informações completamente desconexas com a história inicial, deixando o roteiro confuso. Isso também prejudica e muito o ritmo do filme, que é tão cansativo que nos faz desistir da empolgação lá pela metade da exibição. O espectador fica esperando a reviravolta, que demora demais para acontecer.
Além disso, a trama de A Grande Mentira nos oferece elementos completamente dispensáveis ao longo das cenas. Falas e enfoques de câmera que dão a entender que um determinado objeto ou pessoa serão relevantes, para na sequência nos dizer que era puro engano. Isso prejudica o ritmo do filme, ao dispersar o espectador.
O que era para ser um filme despretensioso e divertido de trapaceiros se aplicando golpe, rapidamente se torna um longa pesado e com a temática densa. De maneira muito repentina, o espectador é impactado com guerra, nazismo, abusos, famílias destruídas, etc. Uma mudança abrupta e desnecessária. O que reforça meu comentário de que parecem dois filmes dentro de um só.
O diretor Bill Condon (A Bela e a Fera), que tem ótimos trabalhos na carreira, não conseguiu aplicar sua maestria neste péssimo roteiro que lhe foi apresentado. Essa combinação acabou desperdiçando uma dupla genial de atores veteranos. São cenas bem executadas de um material pobre. No final, é isso que acaba garantido alguma atenção do espectador.
A Grande Mentira é um dos filmes mais dispersos, aleatórios e sem propósito que assisti nos últimos tempos. Uma surpresa frustrante que foi erroneamente conduzida por um trailer mal feito e uma sinopse mentirosa. A cereja do bolo neste longa de baixa qualidade é, definitivamente, seu roteiro sem propósito.
Direção: Bill Condon
Elenco: Helen Mirren, Ian McKellen, Russell Tovey, Jim Carter, Mark Lewis Jones, Laurie Davidson, Lucian Msamati
Assista ao trailer!