Foto: Luciana Melo (assessoria)

Estreia de Uma Loucura de Mulher traz elenco e diretor para Salvador

A comédia brasileira Uma Loucura de Mulher já está em cartaz nos cinemas brasileiros. Dirigido e roteirizado pelo estreante nas funções Marcus Ligocki Jr., o longa foi apresentando ao público de Salvador numa estreia que aconteceu nesta quinta-feira (02) na rede Cinépolis. Estiveram presentes no evento, o cineasta e as atrizes Miá Mello e Guida Vianna.

O filme narra as peripécias da personagem Lúcia, vivida por Mariana Ximenes, que deseja se libertar da vida de esposa “perfeita” de político em Brasília para retomar seus sonhos na sua cidade natal, o Rio de Janeiro. Quando a ex-bailarina chega em solo carioca, precisa lidar com questões do passado, principalmente com seu antigo namorado de infância Raposo (Sérgio Guizé), hoje um renomado cirurgião plástico.

De acordo com Marcus Ligock Junior, o objetivo do filme é, com o humor, colocar em pauta a questão do empoderamento feminino. Inspirado na experiência vivida ao lado de sua mãe, uma feminista atuante dentro da causa, Ligock queria uma narrativa que trouxessem questionamentos importantes para ele e para a sociedade. “A gente é sempre convidado a cumprir um olhar de uma outra instituição, de uma outra pessoa. As vezes a gente passa muitos anos sem conseguir se manifestar. Eu adoro quando vejo as pessoas descobrindo o seu espaço e achando a sua voz”, explica o cineasta. (Para mais detalhes, leia a entrevista feita por nosso editor Wanderley Teixeira com o cineasta clicando aqui)

A representação do poder feminino também é um ponto característico no longa na visão da atriz Miá Mello. Para ela, a forma como as mulheres se comportam no longa demonstram a preocupação do criador da narrativa em pautar a força feminina. Mello conta que o roteiro foi bastante estudado e discutido pela equipe, o que, para ela, fez com que o elenco conseguisse alcançar uma boa dinâmica em cena.

O clima agradável no set de filmagem e as boas parcerias de trabalho também foram destacados pela atriz Guida Vianna, que interpreta a vizinha e amiga de Lúcia no filme. A artista entrou no projeto através da produtora carioca Laura Guaranys e acabou tendo seu primeiro contato com Marcus Ligocki Jr. “Como eu soube que a Mariana estava envolvida e eu já conheço a Mari, sou amiga dela, já imaginei que seria algo interessante. Li o roteiro e achei minha personagem bem bacana e também acabei achando o diretor uma pessoa adorável e um profissional muito seguro”, conta Vianna.

As atrizes Guida Vianna e Miá Mello ao lado do diretor na estreia em Salvador. Foto: Wanderley Teixeira (Coisa de Cinéfilo)

ENTREVISTA – Miá Mello

por Enoe Lopes Pontes

Coisa de Cinéfilo: Como e por quê você entrou no projeto do longa Uma loucura de Mulher?

Miá Mello:  Eu estava fazendo um programa no Multishow chamado Acredita na Peruca e a produtora desse programa, a Lara Guaranys, me convidou. Ela me chamou um dia e disse “tô fazendo esse filme, é a sua cara, você quer fazer?” E eu falei “lógico”. Ela falou que era com a Mariana Ximenes e eu falei “lógico, agora mais ainda”. Porque a Mariana é uma pessoa que eu já acompanho o trabalho há muitos anos e eu considero uma excelente atriz e fiquei muito feliz de dividir o set com ela, foi muito prazeroso para mim.

CdC: Como foi a sua dinâmica com elenco, a construção de cena dentro do longa?

MM: A gente fez um trabalho bem denso de leitura. A gente leu muito, foi conversando e foi tentando ajeitar as coisas, o que a gente achou que não estava do jeito que queríamos. E nesse processo todo o Ligocki foi muito generoso, porque é o texto dele, normalmente as pessoas não gostam que mexam no texto. Ele deu uma liberdade muito grande para gente e foi muito firme quando achava que tinha que manter o que estava ali. E acho que, assistindo ao filme, eu vejo muito desse trabalho de mesa. E fiquei muito feliz, ver tudo isso na tela é muito gratificante, ver o seu trabalho na tela, o trabalho de todo mundo. Foi um trabalho muito de grupo o que a gente fez.

CdC: Como você construiu sua personagem? E qual a sua opinião sobre ela?

MM: Quando eu li eu tive um baque inicial, de um super julgamento com a Dulce. Fiquei pensando como alguém é melhor amiga de uma outra pessoa e faz isso. Porque eu não considero isso correto, mas eu sendo atriz o meu papel é dissolver, diluir isso. Até porque eu não tenho como mudar o roteiro e dizer que amante ela não iria mais ser (risos). E para mim, sendo atriz, isso é o grande desafio. Se fosse tudo próximo do que eu sou, muito familiarizado, zona de conforto, nem ficaria tão legal. Eu tive que achar dentro da Dulce, dentro dessa personagem, as justificativas. Porque ela não é mau caráter, ela não faz para machucar. Eu criei subtextos, histórias, o antes e o depois. Na minha cabeça, a Dulce seria essa peça fundamental para aquele casamento funcionar. Porque era um casamento de aparências e ela ajudava eles a se darem bem.

CdC: Como você vê a figura feminina dentro do filme?

MM: Hoje o cinema tem essa magia muito curiosa. A gente filmou tem quase um ano e ele estreia num momento onde se está se falando tanto de um cenário político e de um empoderamento feminino, que é o que é mostrado no filme. A gente vê a Lúcia tomando as rédeas da vida dela, resgatando tudo que ela tem de vontade. A Dulce também. Eu, Miá, enxergo o que a Dulce faz errado porque eu também vivo numa sociedade machista, onde a mulher não pode trair, mas, até agora, ninguém perguntou se o que o Gero estava fazendo era certo ou errado.

CdC: Ninguém perguntou?

MM: Não. Até agora ninguém falou da sacanagem do Gero. Claro que estão falando comigo, sobre minha personagem, mas perguntaram sobre a Lúcia, poderiam ter citado o Gero. A gente vive numa sociedade machista, onde a escrota é a mulher, que está traindo a melhor amiga. Mas, e o cara que está traindo a mulher, com a melhor amiga? Eu acho que até sobre isso é importante a gente falar. Estamos num momento, que eu sinto vontade de chorar de tudo que eu vejo, do cenário político, mas principalmente da questão da mulher, do estupro coletivo… Tudo isso é muito duro, mas eu sou uma pessoa muito otimista e enxergo a possibilidade de se falar sobre isso e tem que se falar sobre isso. Vendo o filme, a Lúcia resgatando as suas origens, se vestindo do jeito que ela quer, saindo com o cara, transando com quem ela quer… Eu vejo isso como uma forma de ser falar sobre o assunto.

CdC: Você tem uma trajetória na comédia, o que você pensa sobre o cenário da comédia no audiovisual brasileiro?

MM: Eu acho que a gente passou por um momento de mudança, de uma geração nova trazendo coisas muito boas, que é um humor quase que rindo de si mesmo, sem vergonha de rir de si mesmo. Isso é bom porque melhor do que apontar na ferida dos fracos é rir de si mesmo e rir dos fortes também.

CdC: E quais são seus próximos projetos?

MM: Eu estou agora terminando essa semana de estreia do filme e começo a divulgação do Carrosel 2, onde eu faço uma diva mega popstar, amiga de infância da professora Helena e ela volta para fazer show para as crianças, mas eu não vou contar spoilers, né? Pior do que trair a melhor amiga é dar spoilers (risos). Mas é um personagem bem complexo, apesar de ser um filme infantil, eu achei bem legal de ter feito. Eu amei e estou louca para ver o resultado. Depois, eu lanço Um namorado para minha mulher, que é uma nova parceria que eu faço com a Júlia Rezende. Além disso, estou em cartaz com o (Fábio) Porchat, no Rio, no Teatro das Artes, de sexta a domingo, com a peça Meu Passado me condena.

Leia a crítica do filme clicando aqui.

Assista ao trailer: