Do Jeito Que Elas Querem – Altos e Baixos

Já está em cartaz, nos cinemas de Salvador, a nova comédia estrelada por Diane Keaton (Alguém Tem Que Ceder). Ao lado da artista está um super elenco: Jane Fonda (Barbarella), Candice Bergen (Encontros e Desencontros) e Mary Steenburgen (A Proposta). As atrizes interpretam quatros amigas que se conhecem de longa data. Elas possuem um clube de leitura, do qual participam mensalmente.

Em uma das reuniões, Vivian (Fonda) escolhe o livro 50 Tons de Cinza. A partir disto, a vida dessas mulheres começa a mudar. Sim, o plot do longa é como as aventuras de Christian Grey afetam a jornada de um quarteto de idosas!!! Apesar de problemas na sua técnica, como soluções clichês ou direção preguiçosa, alguns elementos do longa fazem com que ele, no final das contas, até mereça ser visto. Ah! Mas, com zero grau de preocupação de ver um bom filme. Pensando nisso, o Coisa de Cinéfilo preparou uma lista com altos e baixo de Do Jeito Que Ela Querem. Confiram!

BAIXOS

1 – Previsível – Desde o início da projeção, é possível adivinhar como serão os desfechos do quarteto. Os problemas que cada uma enfrenta possuem um desenvolvimento preguiçoso e um final óbvio. Isto porque existem escolhas e soluções já encontradas em outras comédias românticas. Além do abuso dos clichês, a artificialidade dos conflitos postos reforça esta sensação de certeza sobre os rumos trama. Por exemplo, quando a personagem Diane (Keaton) conhece um piloto dentro do avião, é um tanto claro o que acontecerá depois disso e como será o encerramento da história deles.

2 – Plots individuais – O enredo particular de cada personagem é criativo, divertido e poderia até ser bem desenvolvido. Contudo, quando Bill Holderman – diretor e roteirista do filme – escolheu investir nas quatros histórias, ele perdeu o foco e não conseguiu fazer com que nenhuma parte da trama tivesse complexidade ou, pelo menos, tempo de tela para que as situações fossem captadas e analisadas pelo espectador. Por esta razão, os desfechos podem ter soado tão mal ajambrados. Afinal, as tramas estavam sendo expostas e quase antes do clímax já chega a hora de terminar. Para piorar, Holderman (Uma Caminhada na Floresta) ainda faz tudo isso sem amarrar as histórias das amigas. O público vai tomando happy end atrás de happy end, sem nenhum retorno para a relação de amizade do quarteto – que foi o que fez o filme “existir” a princípio de conversa.

3 – Representatividade seletiva – Apesar do filme conter um quadro bacana de personagens mulheres, acima de sessenta, ele é um longa extremamente branco e heteronormativo. A única cena que possuía uma atriz negra (não creditada) foi deletada e aparece apenas em alguns teasers da produção. Além disso, não tem um homossexual no filme. Do Jeito Que Elas Querem é quase um mais do mesmo, com algumas pinceladas de representatividade, bem específicas. Tem seu mérito? Tem, mas é importante sinalizar para quem eles parecem direcionar o produto deles: caucasianos, classe média para rico, heterossexuais.

ALTOS

1 – Premissa e casting – Não é todo dia que se vê em Hollywood uma projeção que conte com um elenco acima dos 60 anos, ainda mais se forem mulheres. Outro fator que chama a atenção é como as personagens e seus problemas são expostos na tela – não o desenvolvimento, mas a ideia em si. A discussão sobre o amor carnal entre idosos é o ponto alto do longa. Pessoas mais velhas fazem e/ou querem fazer sexo. O filme parece rejeitar justamente essa morte em vida que os mais jovens oferecem para os mais velhos.

2 – Dinâmica do elenco – Quando o quarteto principal está em cena, o filme cresce. É notável que se houvessem quatro longas diferentes, as histórias poderiam estar mais bem desenvolvidas. No entanto, o público perderia o jogo cênico destas atrizes tão talentosas. Elas conseguem fazer o roteiro parecer ter mais qualidade, inclusive. O colorido do texto e as formas como elas jogam entre si, estabelece um clima de intimidade e afeição que as personagens precisam, pois já se conhecem há muito tempo. Além das piadas funcionarem melhor quando elas estão juntas. A sensação é de que uma vai preparando o terreno para a outra e as frases e situações engraçadas vão aumentando até um clímax cômico e tudo começa outra vez.

3 – Representatividade – É bem verdade, como foi visto no tópico de pontos baixos do filme, que ele possui uma representatividade específica! Contudo, não é todo dia que se entra na sala de cinema para ver uma projeção com mulheres maduras, tratando sobre suas vidas sexuais e amorosas. Nenhuma personagem é vista como uma vovozinha, caminho tão comum em narrativas ficcionais como um todo.

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