Crítica: Somente o Mar Sabe

O longa Somente o Mar Sabe traz a história verídica de Donald Crowhurst, um homem que resolveu desafiar a lógica e a própria experiência para se tornar o homem mais rápido em uma volta ao mundo num veleiro. Para isso, ele envolve a família e empresários que apostam na sua empreitada, que vem a se tornar um desafio muito mais emocional do que físico.

O filme possui um ritmo mais lento, mas ainda assim não se demora para apresentar os fatos. Como uma descoberta muito repentina, Donald, que é vendedor de produtos náuticos, decide se meter na empreitada de dar a volta ao mundo em um veleiro e sem fazer nenhuma parada. Ele é amador e possui pouquíssima experiência em navegação, o que torna tudo uma loucura desde o começo. Além disso, o personagem decide que será uma boa ideia criar um barco novo e mais rápido, para que ele possa vencer a corrida.

Fica muito claro desde o começo que aquilo não vai dar certo. São tantos fatores que depõem contra, que seria uma imensa surpresa se qualquer coisa tivesse um resultado positivo. Então não é nenhum choque quando o protagonista vai se perdendo no meio do caminho, em devaneios e dificuldades que o mar apresenta. Colin Firth faz essa performance com maestria, transitando entre um empresário empolgado com a possibilidade de ter algum destaque na vida e um velejador completamente sem esperança e com medo do que o mar pode apresentar.

No papel da esposa apreensiva e apoiadora, temos Rachel Weisz, que não está lá na sua melhor performance, mas completa um casal harmonioso e convincente com Firth. Ela fica na berlinda de apoiar a decisão do marido e sofrer com essa escolha, que vai refletir na família inteira.

A medida que o filme evolui, no entanto, vai perdendo o eixo e as possibilidades. As coisas se tornam muito absurdas e o protagonista é deveras incoerente na maior parte do tempo. Além disso, tudo é feito de uma maneira tão rápida que não dá tempo de criar empatia com a causa do personagem. O espectador não se identifica e fica muito difícil torcer para o absurdo que está acontecendo.

O filme tem um final redondo e lógico, dando ao espectador aquilo que ele precisa para confiar na história. Claro que o fato de ser uma história real torna tudo mais interessante. Mas ainda assim, a condução do roteiro deixa muito a desejar.

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