Crítica: Promessas de Guerra

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Dupla função: Russell Crowe atua e dirige drama de guerra sobre a batalha de Galípoli.

 

Durante a Primeira Guerra Mundial, a península de Galípoli, na Turquia, foi cenário de uma das batalhas mais violentas do conflito. Britânicos, franceses e australianos  lutaram pela conquista do estreito de Dardanelos, obtendo como resultado a ausência de vencedores de fato e um rastro de mortes, além do ressentimento dos turcos. Este momento histórico é objeto de interesse de Russell Crowe naquele que é o seu primeiro longa-metragem de ficção como diretor,Promessas de Guerra. O australiano não só assume a direção como vive o protagonista deste drama com porte de grande produção.

 

Jornada: Personagem de Crowe parte para a Turquia em busca dos filhos desaparecidos na guerra.

 

O filme traz Crowe como Connor, um fazendeiro australiano que tem os seus três únicos filhos convocados pelo exército para lutarem no conflito. Infelizmente, todos eles desaparecem na batalha de Galípoli e, sem grandes perspectivas, Connor parte em uma jornada rumo à Turquia pós-conflito em busca de respostas para o silêncio em torno do paradeiro dos seus três filhos.
Esta estreia de Crowe na direção nos apresenta a um diretor sem grandes pretensões de testar a linguagem cinematográfica com soluções inventivas para os meandros da sua história. Como realizador, o australiano opta por caminhos conhecidos, formulaicos. Crowe carrega nas tintas do seu melodrama pós-guerra e no fascínio do seu olhar estrangeiro em busca do exotismo de uma bela e melancólica Turquia. Os melhores momentos do filme residem na sua trama mais simples e, curiosamente, aquela que destoa de toda uma tradição de filmes do gênero: no lugar do encontro ou desencontro amoroso entre jovens ou nas histórias de amizade e lealdade das trincheiras, temos a busca desesperada de um pai por seus filhos.
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Romance: Envolvimento entre o protagonista e a personagem de Olga Kurylenko é uma das tramas do filme.

 

Assim, ao invés da culpa australiana pelas cicatrizes que o conflito causou nos turcos ou do romance óbvio, sem química e desinteressante entre o Connor e a personagem da bela Olga Kurylenko, caso o seu realizador tivesse se dedicado ao que realmente se revela como o coração e a alma da história, Promessas de Guerra poderia não ser um filme revolucionário em seu formato, mas ao menos seria um bom filme com uma tocante história a contar. Anos e anos ao lado de diretores como Michael Mann, Ridley Scott e Peter Weir parecem não ter surtido nenhuma inspiração no Russell Crowe diretor pois seu primeiro filme é disperso, burocrático e morno. Quem sabe na próxima?