Crítica: Piratas do Caribe – A Vingança de Salazar

Depois de quatorze anos da estreia do primeiro filme nos cinemas, a Walt Disney Pictures, juntamente com a Jerry Bruckheimer Films, traz para o público mais uma sequência da franquia Piratas do Caribe. Em seu quinto longa, A Vingança de Salazar, não há nenhuma surpresa, apenas desgaste em cima de desgaste. Aqui, o espectador se depara com o passado de Jack Sparrow, interpretado por um cansando Johnny Depp.

Na trama, o público descobre como o pirata começou a liderar o navio Pérola Negra e como conquistou o inimigo que dá nome ao subtítulo. Paralelamente, Henry Turner (Breton Thwaites), filho de Will (Orlando Bloom), busca maneiras de salvar seu pai de uma grande maldição. Para isso, ele conta com a ajuda de uma jovem cientista, Carina Smyth (Kaya Scodelario), foragida por ser considerada bruxa pelo Estado.

Apenas relatando brevemente a sinopse do filme há uma sensação de fadiga. A narrativa não consegue dar conta do número de histórias, de peripécias e reviravoltas de tantas personagens. Ainda que todo o desenvolvimento e desenlace dos conflitos ocorram de forma já muito utilizada por este tipo de gênero e até mesmo pela própria franquia, o espectador é levado à exaustão por uma quantidade grande de ações que acontecem ao mesmo tempo, quebrando o ritmo do filme.

O suspense não se estabelece principalmente para os que já tiveram contanto com as produções anteriores de Piratas. São praticamente os mesmo vilões, uma maldição semelhante e dois mocinhos que formam aquele casal que troca diálogos afiados e no final ficam juntos, porque tudo aquilo era (que surpresa) tensão sexual da dupla. O elenco não passa vergonha, mas também não parece sair da zona de conforto. A dinâmica de Thwaites e Scodelario é insossa e o espectador não se sente empolgado em shippar os dois.

Johnny Depp bate cartão. O ator nem se esforça em levar adiante a personagem que vem construindo há 14 anos. Simplesmente traz uma representação do próprio Sparrow que ele mesmo criou. A sensação é de que outro artista está ali e não entendeu muito bem como fazer o papel. Além disso, Jack Sparrow é possuidor de um discurso extremamente atrasado. As piadas sexistas e tom nojento que ele direciona as mulheres poderiam até ser engraçadas no início dos anos 2000, porém, em pleno 2017, elas correm amargas nos ouvidos e provocam uma irritação.

Talvez, apenas duas coisas salvem Piratas do Caribe 5. O primeiro ponto para esta sequência é o Salazar de Javier Bardem, que traz alguma possibilidade de se instalar tensão na plateia e de instigar o público a descobrir qual a origem da maldição que tomou conta do Capitão e de sua tripulação. O segundo motivo que vale o ingresso é a presença de Geoffrey Rush. Ao contrário de Depp, ele conseguiu evoluir sua personagem de alguma forma e dar significado a um texto tão previsível e piegas em suas cenas de revelação sobre seu passado. Os olhares que ele troca com Sparrow e com Carina são profundos e tocantes, porque ele sim sabe construir a dinâmica a relação com os atores na contracena.

No mais, a dica é esperar para ver A Vingança de Salazar no Netflix, na TV a cabo ou na Temperatura Máxima. Não espere encontrar graça e carisma no finado Sparrow, porque ele já não existe mais desde o segundo filme. Se você é fã de filme de aventura ou ação, é indicado procurar um outro longa, porque não é nesse Piratas que você vai encontrar isso. Talvez, (ALERTA DE SPOILER) o espectador apenas se empolgue com o reencontro de Will e Elizabeth (Keira Knightley), pois ali sim existe um ship de verdade.

Assista ao trailer!