Crítica: O Regresso

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O Regresso é um filme denso e intenso. Muitas frentes acontecem ao longo da narrativa dirigida por Alejandro González Iñárritu, mas o maior destaque é realmente a interpretação de Leonardo DiCaprio. Ao que parece, acredito que seja desta vez que o tão sonhado e aguardado Oscar do ator americano vá para sua prateleira.

O enredo gira em torno da história verídica de Hugh Glass, um forasteiro que participa de uma caçada com os americanos em busca de peles para vender. Em uma dessas empreitadas, ele é gravemente atacado por um urso e beira à morte. O grupo que o segue resolve deixar dois integrantes cuidando de Glass até que ele morra e tenha um enterro digno. No entanto, ele é traído por John Fitzgerald, vivido por Tom Hardy, que o abandona quase morto em uma montanha nevada. Hugh decide então se vingar de seu companheiro e toda sua luta é em busca disso.

Tudo parece simples se não fosse o fato de que absolutamente tudo que pode dar errado com o protagonista, simplesmente dá. Embora a história não seja fiel à real, é muito parecida, o que torna tudo muito mais angustiante. Iñárritu, que recentemente esteve nas telonas com o filme Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), mostra mais uma vez sua capacidade de trazer um enfoque diferente em suas histórias, com flashes do passado e do presente contrastando com a realidade do protagonista. O trabalho é realmente incrível.

Não posso deixar de citar a fotografia do longa que é belíssima. Para mim é quase certo de que ganhará o Oscar nesta categoria, para o diretor de fotografia Emmanuel Lubezki. Apesar do enredo pesado e das várias cenas de violência explícita, o visual é de tirar o fôlego e contrasta bem com a capacidade de esperança que vai surgindo ao longo das cenas (ou não). Além disso, a mistura de neve abundante com o amanhecer do sol é inevitavelmente deslumbrante. É uma verdadeira obra de arte.

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E claro, não podemos deixar de falar de Leonardo DiCaprio, que mais uma vez traz uma performance incrível e digna de Oscar. Mas será que é desta vez que ele leva? Acredito que sim, de verdade. Além de ele estar muito bem no papel do sofredor e vingativo Glass, a categoria não está particularmente forte este ano, o que sobe a chance dele levar a tão sonhada estatueta dourada para casa. É importante pontuar que além da interpretação impecável de DiCaprio, todo o resto do elenco está fantástico e dá um excelente apoio à trama. Tom Hardy faz um ótimo antagonista, assim como Domhnall Gleeson no papel do orientador da equipe.

O filme é longo, mas o ritmo que mescla momentos mais monótonos com ação e sangria, fazem com que o espectador fique literalmente vidrado em cada cena. O Regresso teve muitas indicações em categorias técnicas e deve levar a boa na maioria delas. Cada momento do filme é um deslumbre. E é importante ressaltar que isso acontece independente da história, mais uma vez repito, pesada que o enredo traz.

Com impressionantes 12 indicações ao Oscar, o filme é um deleite ao olhos dos espectadores, daqueles que entrará certamente para os clássicos do cinema mundial e que será lembrado por muito tempo. Com ou sem Oscar, ele já é um presente para todos, uma obra de arte completa.