Crítica: O Doador de Memórias

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O Doador de Memórias é o tipo do filme que cria toda uma expectativa principalmente pelo fato de ter Meryl Streep. O que por si só, vamos combinar, já é o suficiente para tirar qualquer pessoa de sua casa para ir ao cinema. Mas nem mesmo Meryl consegue sustentar sozinha um filme mediano que se propõe muito além do que efetivamente cumpre.

O enredo conta a história de uma sociedade futurista, onde a humanidade atingiu a perfeição e ninguém passa fome, nem fica doente, nem briga, nem nada. Tudo isso foi possível, no entanto, graças à exclusão de sentimentos dos humanos. Diariamente eles tomam uma injeção que os impede se sentir e com isso, as pessoas não brigam, não iniciam guerras nem nada. As pessoas não sabem de nada do passado, nenhum detalhe, nem uma parte da história. Tudo isso é designado ao doador de memórias. Ele é representado por um homem que abriga todas as memórias do mundo, toda a história que ninguém lembra e serve de conselheiro dos anciãos, dizendo que decisões devem ser tomadas.

Quando os jovens atingem determinada idade, eles são escolhidos para representar papéis na sociedade. Têm as mães, os professoras, os esportistas e por aí vai. O protagonista, interpretado por Brenton Thwaites (o príncipe encantado de “Malévola”), é escolhido para ser o próximo doador de memórias e deve passar os próximos meses aprendendo o ofício. Acontece que ele começa a se chocar com essa nova realidade e entrar em confronto com a própria sociedade.

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Em tese, a história já é comum o suficiente para segurar um filme inteiro. Toda a fotografia é em preto e branco e vai ganhando cores à medida que Jonas vai descobrindo as memórias. Ok, se não fosse o fato de que esse é um dos maiores ápices do longa. Aliás, reside aí o grande problema do enredo. Ele não tem um pico em momento nenhum. O filme segue morno o tempo todo e de repente acaba. O espectador fica esperando por algo que nunca acontece.
É incrível dizer que a própria atuação de Meryl Streep fica bem apagada diante de todo o cenário sem graça da narrativa. Ela é ótima como sempre, mas passa facilmente despercebida. Jeff Bridges é outro que tem a interpretação abafada pelo enredo ruim. Uma grande pena.

Aliás, no geral, ninguém se sobressai no filme. Temos pessoas interessantes como Katie Holmes e Alexander Skarsgård, mas o espectador não consegue descobrir qual a deles o longa todo.

Talvez a falta de um vilão efetivo seja uma justificativa plausível para toda calmaria do filme. Ninguém é exatamente ruim nem se contrapõe totalmente ao protagonista. Por isso, certamente, que o filme acaba sem que tenha um confronto final nem nada do tipo. A sensação que fica é uma espécie de conto, que não sustenta as quase duas horas de filme.

No final das contas, O Doador de Memórias não é ruim, não. É legal e ponto. Mas esse ponto é que decepciona quem assiste, já que poderia ser um filme infinitamente melhor e mais bem trabalhado. Nada se sobressai, trilha sonora, fotografia, atuações, nada. Uma grande pena e desperdício de elenco.

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