Crítica: Logan Lucky – Roubo em Família

Depois de anunciar aposentadoria do cinema em 2013 com o lançamento de Terapia de Risco, o diretor Steven Soderbergh retorna à direção de um longa-metragem revisitando um território que conhece como poucos, o dos filmes de roubo. Logan Lucky: Roubo em Família traz o diretor numa história que faz jus a sua fama fomentada sobretudo com os filmes da franquia Onze Homens e um Segredo. Contudo, aqui tudo é moldado pela cultura sulista dos EUA, dos cenários e roupas aos sotaques dos personagens, passando ainda pelo próprio tom do filme, que, em momento algum, ambiciona ser mais do que um longa de entretenimento com a grife da assinatura de Soderbergh, é claro.

Em Logan Lucky, os azarados irmãos Jimmy e Clyde, interpretados por Channing Tatum e Adam Driver, decidem empreender um roubo durante a corrida Nascar na Carolina do Norte após constatarem que precisam dar um basta nas suas vidas fracassadas. Para a ação criminosa eles procuram a ajuda de um presidiário vivido por Daniel Craig. Envolvendo a irmã e uma outra dupla de sujeitos completamente sem noção, os Logan acabam arquitetando um plano que aos poucos evidencia suas dificuldades de execução.

Logan Lucky é um típico exemplar da carreira de Soderbergh, fazendo com que seu retorno aos cinemas não seja um anúncio em luzes neon, mas uma retomada do seu próprio projeto cinematográfico. Mesmo sendo um exemplar menor, tal qual títulos como Magic Mike e o próprio Terapia de Risco, a despeito de ser um entretenimento com pouquíssima ambição, o cineasta procura manter em Logan Lucky o tom do seu cinema. Nesse sentido, apesar do êxito e da logística do plano de roubo do filme ser um reflexo da natureza “pateta” dos personagens e de Soderbergh querer ironizar um american way of life tudo é muito sofisticado no tom que o diretor oferece ao longa, tornando-o pouco afeito a didatismos e marcado por uma relativa sofisticação cinematográfica em sua forma.

Como na trilogia Onze Homens e um Segredo, Soderbergh tem interesse na ação dos personagens, demonstrando um desencadear lógico de acontecimentos na exibição passo a passo do plano de roubo. Ao mesmo tempo, por força do roteiro de Rebecca Blunt, o diretor encontra espaço para entender sobretudo os personagens de Tatum e Driver em suas motivações, mostrando como o desenrolar do plano nos fornece pistas sobre a personalidade dos protagonistas e suas motivações, revelando que eles estão bem longe do estereótipo dos bad guys. Com uma dúzia de participações especiais como a presença de Katie Holmes, Seth MacFarlane e Hilary Swank, Logan Lucky traz para o espectador um Steven Soderbergh despojado. Seguro, o cineasta exibe um filme em baixa temperatura, ainda que, como de praxe, mais inteligente, sofisticado e calculadamente costurado do que sua aparência denuncia.

Assista ao trailer:

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