Crítica: Godzilla

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O monstro causou destruição em várias cidades

Godzilla foi o tipo de filme que chegou com muita pressão para ser bom. Além da história que sempre agradou e chamou a atenção de muitos espectadores, o fracasso do último longa de 1998 criou a expectativa de que este teria que impressionar para ser bem recebido. No entanto, a película contou com a ansiedade dos fãs de plantão, que ansiavam por esse remake há muitos anos e correram para conferir nos cinemas logo na estreia. Não é à toa que o filme estourou nas bilheterias dos Estados Unidos e do mundo todo neste fim de semana.

O filme conta a história do cientista Joe (Bryan Cranston) que trabalha em uma indústria que mexe com elementos radioativos no Japão. Sua esposa (Juliette Binoche) também faz parte de sua equipe. O casal tem um filho chamado Ford (Aaron Taylor-Johnson). Certo dia, acontece um acidente na empresa e acaba ocasionando na morte da mulher, que teve seu sofrimento assistido pelo marido. Neste momento, o filme passa para quinze anos depois, quando o menino já está grande, casado e com um filho e trabalha como tenente da marinha. Seu pai continuou no Japão em busca de respostas que justificassem a explosão que matou sua esposa, uma vez que o governo não deu nenhuma explicação plausível.

Em meio a estas questões e tendo que lidar com uma frágil relação com seu filho, Joe vai encontrando peças que levam ele a desconfiar da existência de um monstro que evolui com o consumo de radiação. A hipótese é posta em dúvida, inicialmente, mas logo em seguida um novo acidente acontece em outra usina, revelando que ele estava correto.

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Bryan Cranston tem ótima atuação no filme

Partindo do pressuposto que o filme se chama Godzilla e que a história é sobre o tal monstro, ele aparece bem pouco. Isso porque além dele, existem dois MUTOs, outra espécie predadora e igualmente perigosa, que vai arrasando as cidades em que passa, em busca de radiação e com o intuito de se reproduzir. Se contabilizar minutos de aparição, o filme passa a se chamar MUTOs. Mas a bem verdade é que quando o Godzilla chega, não tem pra ninguém. O animal se impõe como personagem e como predador mesmo, levando o espectador a desenvolver forte empatia pela criatura.

A morte do personagem de Cranston também entristece um pouco, mas entenda: ela faz completo sentido na trama e é extremamente oportuna, mas a gente fica apenas lamentando o fato de que não verá mais o eterno Walter White da série Breaking Bad dando um show de atuação. Sofrimento à parte, o protagonista de verdade, que é o personagem Ford adulto, convence no papel, mas deixa a desejar no quesito assumir o comando. Talvez por Cranston roubar a cena demais no começo ou porque ele realmente não tem esse potencial. Só revendo para descobrir. Fora isso, o elenco tem uma boa química entre si e consegue criar um sentimento de unidade no longa.

Atentando aos detalhes técnicos de Godzilla, podemos ver um alto e justificado investimento em efeitos especiais. Uma vez que o filme conta a história de um bicho que não existe, nada mais natural que muito dinheiro fosse gasto nisso. Mas um detalhe bem interessante é na trilha sonora. Eles criaram sons específicos para cada situação e cada monstro que aparece, criando referências para o espectador. Na verdade, a trilha já havia chamado à atenção no trailer, apenas se confirmando como excelente durante o filme.

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Filme teve alto investimento em efeitos especiais

O aspecto de humanidade do longa é que traz suavidade e sentido à trama. Assim como no filme de 1954, este Godzilla constrói os personagens com mais cuidado, responde perguntas e justifica atitudes. Acredito que isso é que tornou o filme muito melhor do que um simples longa de monstros que destroem cidades americanas. O diretor Gareth Edwards decidiu se espelhar no longa original e foi correto e feliz em sua decisão.

Claro que o filme tem clichês e exageros que poderiam ser excluídos. A necessidade constante de trazer o longa para causar destruição nos Estados Unidos, o surgimento de um avião do nada, quando segundos antes todos os equipamentos e toda a cidade estava sem energia, umas corridas em cima da ponte onde a pessoa cai há muitos metros de altura na água e depois surge andando normalmente, como se nada tivesse acontecido. Mas isso é esperado e respeitado em se tratando de um longa de ação com monstros que não existem. Em resumo, nada que prejudique a qualidade.

Godzilla conseguiu se afirmar, desta forma, como um bom filme e extremamente superior ao seu sucessor. A expectativa era grande, mas mesmo assim ele não decepcionou. E pelo andar da carruagem nas bilheterias, uma continuação pode ser confirmada logo em breve.

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