Crítica: Ben-Hur

Er, como falar do remake de um clássico do cinema hollywoodiano que ganhou 11 Oscars? Ficando ao lado apenas de Titanic e O Senhor dos Anéis. Muito difícil. Devemos admitir ao menos a coragem dos roteiristas e diretores que entraram nesta empreitada fadada à comparação. E nossa, como eles devem estar arrependidos.

Quem me acompanha em outras críticas sabe que dificilmente eu digo que um filme é ruim. Parto da ideia de que sempre alguma coisa se salva. Mas quando um longa consegue estragar até Morgan Freeman, honestamente, não há o que ser defendido.

Judah Ben-Hur é um nobre jovem contemporâneo de Jesus Cristo que é traído pelo irmão de criação e condenado à escravidão. Ele sobrevive a todo o massacre e retorna para Jerusalém em busca de vingança contra Messala.

Algo que chama a atenção logo no começo e fica com o espectador até o final são as vestimentas. Estamos falando de um período há cerca de dois mil anos, sem estrutura, com muita pobreza e guerras o tempo todo. É de se imaginar que tudo seja mais precário, mesmo que você seja nobre e tenha condição de adquirir um tecido mais caro. Mas indo de encontro com isso, o figurinista achou prudente colocar todas as roupas costuradas em máquina profissional, com acabamento impecável, gola bem feita, bordados rebuscados. Nossa, eu compraria uma roupa dessa numa loja qualquer. Mas neste filme? Simplesmente não faz o menor sentido. O cúmulo acontece quando o protagonista surge com uma calça tão justa e bem feita, que parece jeans skinny. Lamentável!

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Seguindo nessa seara, temos a pele dos personagens. Mas a pele? Sim, ela mesmo. Fazia muito calor na época, um lugar bastante árido. Você imagina logo uma cútis menos cuidada, com traços do sol, etc. Mas não. O maquiador foi tão perfeito no uso do pó compacto e base, que mesmo quando Ben-Hur está no navio servindo de escravo, a pele está sedosa e bonita. Estamos todos no aguardo das dicas de make up. O mesmo vale para o cabelo perfeitamente feito em baby liss das mulheres, a barba bem cortada, o cabelo de gel, a sobrancelha bem feita, etc. São detalhes, sim, mas que fazem completamente a diferença.

O problema é que depois que você começa a perceber isso, nada mais faz sentido e aquilo é só o que chama a atenção. E o roteiro não ajuda, na verdade. Muito mal conduzido, cheios de falas clichês e momentos extremamente previsíveis (como a narração na voz de Freeman – rendeu gargalhadas na sala de exibição). Além de tudo, uma trilha sonora sofrível, o que é uma afronta ao filme de 1959.

Para piorar a situação, as atuações não ajudam a disfarçar os problemas citados acima. A escolha de um Ben-hur trágico e sem expressão, que perde facilmente para o Messala. Um Morgan Freeman super caracterizado e Rodrigo Santoro, coitado, que embora faça o seu melhor como Jesus Cristo, colocaram falas tão clichês e forçadas que põe a perder sua atuação.

O ator Charlton Heston e o diretor William Wyler certamente estão se revirando no túmulo uma hora dessas. Se o primeiro filme foi um clássico e contribuiu para a saída da MGM da falência, este atual certamente nunca conseguiria este êxito.

Assista ao trailer:

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